Uganda, a nova agressão militar dos Estados Unidos
Explodiam as últimas bombas sobre a Líbia quando a Casa Branca tomou a decisão de intervir militarmente noutro país africano. A agressão teve por alvo Uganda e passou quase despercebida; a mídia dedicou-lhe menos atenção do que ao namoro de uma estrela de Hollywood.
O presidente Obama achou oportuno anunciar o desembarque em Uganda de tropas de combate dos Estados Unidos num discurso dirigido ao povo norte-americano.
«Foi necessário - afirmou - proceder à remoção de Joseph Kony do campo de batalha porque o exército de Resistência do Senhor» configura «uma ameaça para a segurança regional».
A sinuosidade do discurso presidencial torna indispensável a sua descodificação.
O exército a que se refere é um fantasma. O «inimigo» desta vez é uma mini guerrilha, na realidade uma seita religiosa sem base social, que opera no país há mais de 20 anos; Kony o seu teólogo.
Somente agora a Casa Branca tomou conhecimento da existência desses perigosos guerrilheiros.
Vai durar muito a permanência das tropas especiais estadunidenses? Obama dissipou dúvidas: «ficarão no país o tempo que for necessário». E acrescentou: os militares norte-americanos estão disponíveis para intervir no Congo e na República Centro Africana», se isso for solicitado por Estados da Região.
Esta nova intervenção militar dos Estados Unidos insere-se na estratégia que levou à criação do AFRICOM, o exército permanente americano para o Continente cujo comando funciona ainda na Alemanha, enquanto decorrem negociações para a sua instalação numa capital africana.
Os aliados europeus, Sarkozy, Merkel e Cameron, apoiam a estratégia imperial dos Estados Unidos cujas agressões justificam o rótulo que lhe colam já de IV Reich.
Observadores recordam que Hitler anexou a Áustria, garantindo que não tinha mais reivindicações. No ano seguinte, após Munique, ocupou a Checoslováquia, anunciando uma era de paz. Em l939 invadiu a Polônia.
Até onde irá o imperialismo norte-americano? Invadiu o Iraque e o Afeganistão; patrocinou e financiou a agressão à Líbia, alegando a necessidade de proteger as populações numa intervenção humanitária; agora invade o Uganda, e ameaça a Síria e o Irã.
Lentamente, os povos, da Ásia à Europa e da América Latina à África, tomam consciência de que a barbárie imperialista representa hoje uma ameaça global à humanidade. Mobilizarem-se contra ela em defesa da civilização, da própria continuidade da vida é uma exigência da Historia.
Fonte: O Diário (Lisboa), 26.10.2011
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