REFLEXÕES DE UM BRIGADISTA INTERNACIONAL
Entre os dias 24 de janeiro e 06 de fevereiro realizou-se a XVIII Brigada Sulamericana de Solidariedade a Cuba. Participaram do evento, delegações de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, além de participantes da Costa Rica, que se reuniram com a finalidade de melhor conhecer a realidade cubana e contribuir com os movimentos de solidariedade à Cuba espalhados pelo mundo.
As brigadas são de grande relevância para o povo cubano, que, com elas, constrói laços de amizade com outros povos. A XVIII Brigada, com mais de trezentos delegados, dos quais 105 brasileiros, tiveram diversos tipos de atividades, entre elas atividades agrícolas, culturais, onde assistimos peças de teatro, apresentações de canto, dança e recital de poesias; festas; passeios a praias, centros históricos, museus, monumentos; visitas ao Hospital Municipal de Sancti Spíritus, a Escola (Faculdade)Latinoamericana de Ciências Médicas – ELACM, onde se formam os médicos que Cuba exporta para atender as populações pobres e a Escola Frederico Engels, com estudantes do ensino fundamental onde fomos recepcionados por todas as crianças e direção da escola ; participamos também de quatro conferências sobre temas controversos e atuais sobre Cuba; e da Marcha das Tochas em comemoração ao aniversário do Mártir Cubano José Marti, com a presença de quase 100 mil pessoas.
Todas as atividades tiveram nossa ativa participação, com amplo espaço para perguntas e respostas.
Ficamos alojados no CIJAM (Campamento Internacional Julio Antonio Mella, fundador do Partido comunista de Cuba), um acampamento na cidade de Caimito, há poucos quilômetros de Havana, mas ficamos também em dois hotéis; no hotel Los Laureles na cidade de Sancti Spíritus e hotel Las Yagrumas próximo de Havana. As viagens nos permitiram estreitar contatos com os brigadistas dos diversos países. Esses deslocamentos, feitos em ônibus confortáveis, nos permitiram conhecer o país de forma mais aprofundada em observando os aspectos da produção,da moradia e das vias de transporte que ligam as províncias (estados) cubanos.
Visitamos as cidades de Havana, Caimito, Santa Clara, Yaguajay,Sancti Spíritus, Trinidade e Matanza, onde está situada a famosa praia de Varadero, importante pólo turístico da Ilha. Tivemos a oportunidade, nessas viagens, de conversar com os moradores, passear pelas cidades e visitar lugares históricos como o Museu da Revolução, a Praça da Revolução, o Mausoleo Camilo Cienfuegos, o Complexo Escultórico Che Guevara e o Trem Blindado de Santa Clara (local onde a coluna nº dois, de Che Guevara, com apenas 18 homens derrotou um trem blindado com mais de quatrocentos militares, entre soldados e oficiais, fortemente armados), além de vermos as belezas naturais da Playa Ancon e Varadero onde discutimos sobre o importante papel do turismo em Cuba.
Participamos também de atividades com dois CDRs (Comitês de Defesa da Revolução), onde além dacon calorosa recepção com doces, salgados e músicas típicas pudemos versarmos com todos os membros dos CDRs e representantes da CTC (Central de Trabalhadores de Cuba), FMC (Federação de Mulheres Cubanas), UJC (União da Juventude Comunista – juventude do Partido Comunista Cubano) .
Ao final de catorze dias em Cuba, de conhecermos sete cidades, centenas de brigadistas de quatro países, membros do Partido Comunista Cubano, membros de alguns CDRs, da FMC, familiares dos Cinco Heróis Cubanos presos nos Estados Unidos e cidadãos(ãs) de cubanos(as) com todas as opiniões possíveis, nossas impressões sobre Cuba ficaram mais positivas que as que tínhamos antes de conhecer este famoso arquipélago caribenho.
Conhecemos uma sociedade que, na luta contra uma ditadura, acumulou forças para não somente derrubar um ditador (Fulgêncio Batista), mas para construir um país com autodeterminação , com ampla participação e discussão política. As discussões políticas iniciam nos CDRs, que tem uma vaga semelhança com as associações de moradores. Em todas as cidades cubanas existe um CDR por quadra. Todos os moradores desta quadra podem participar, bem como fazerem parte da direção, podendo votar e serem votados. Os diretores de cada CDR votam para os representantes municipais e assim sucessivamente até os representantes nacionais.
O mais interessante de toda essa estrutura não é, entretanto, o sistema de votação, mas a participação política. Mais que legítima representatividade, o povo cubano é protagonista nas decisões, que não são tomadas por seus “representantes”, nem apenas votadas por eles, mas os projetos em si são iniciados nos CDRs pela própria população. Deste modo, a famigerada “ditadura castrista”(assim classificada pelos imperialistas e seus lacaios ) mostrou-se como mais uma lenda impetrada contra uma população que optou, legitimamente, por construir seu próprio caminho com soberania e alteridade. A maioria das construções é anterior a revolução e muitas delas são da época colonial. Também constatamos que todo o país tem uma política de disponibilizar moradia a todos. Em todo o arquipélago não existem moradores de rua.
Ao final da viagem, percebemos que Cuba não é um paraíso, mas um país que, apesar de um criminoso bloqueio econômico - fruto de uma política imperialista contrária à autodeterminação dos povos que sustentam com seu sangue, suor e lágrimas os países dominantes do “mundo globalizado” - é construído por todo um povo que luta por sua soberania e que, apesar dos traços do passado, frutos também do bloqueio econômico, apresenta traços do único futuro possível para a manutenção da vida humana na Terra: a soberania de cada povo em determinar seu futuro, livre da exploração do homem pelo homem.
Podemos afirmar, alto brado, que em Cuba as crianças e os idosos são respeitados. Não encontramos, em momento algum, por onde andamos, crianças nas ruas esmolando ou se prostituindo como, infelizmente, ainda há no Brasil nas maiorias das capitais e cidades do interior. Essa é a Cuba que os capitalistas e seus lacaios tentam, mas não conseguem, desqualificar e destruir.
Viva a Revolução Socialista!
Viva os 52 anos da Revolução Cubana.
Liberdade para os 5 heróis cubanos
Valdir Izidoro Silveira - Brigadista do Paraná
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