Fomos ao Seminário Direito à Memória e à Verdade, realizado no Teatro da Reitoria da UFPR, onde nos pronunciamos em nome do PCB. Tínhamos um pequeno texto, mas em respeito ao tempo fixado, resolvemos dar o nosso recado de improviso onde resaltamos a luta permanente do PCB contra aqueles que querem defender os atos do arbítrio ditatorial e tentam, a todo o momento, desqualificar e torpedear a Comissão da Verdade. Dissemos que a Comissão da Verdade só tera sucesso, só evoluirá se tivermos unidos e organizados nas ruas, nas escolas, nas universidades, nos sindicatos, nas associações de categorias profissionais; enfim a sociedade organizada deve estar alerta para combater e escorraçar as vivandeiras de ditadura.
Abaixo depoimento da companheira Marise Egger Moellwald, ex-militante do PCB; era estudante de Ciências sociais quando foi presa no dia 24 de outubro de 1975, em São Paulo(SP):
"Eu e meu companheiro, George Duque Estrada, fomos presos em meio auma avalhanche de prisões que tinham como alvo o PCB, de norte aosul do país. Só em São Paulo, em outubrode 1975, estavam detidas 96 pessoas do partidão, dentre asquais: Lenita Yassuda, Dilea Frate, Marisa Saenz Leme, Eleonora Freire, Sonia Morossetti, Sandra Miller, num total de 28 mulheres. No DOI-Codi, passei a noite encapuzada, ouvindo os gritos de um homem sendo brutalizado. O diaseguinte soube depois, foi aquele em que Vladimir Herzog foi torturadoaté amorte. Fui levada à sessão de interrogatório numa sala próxima a outra onde alguém também estava sendo interrogado e torturado. Diziam-me que era meu companheiro. Eram gritos abafados de uma pessoa amordaçada. Achei que iam matá-lo. Os homens que me torturavam se revezavam entre o local onde eu estava e a sala contigua. Estavam num estado de alteração psíquica indescritivel. Eu era erguida da cadeira e jogada, nua e encapuzada, como se fosse uma peteca, de mão em mão, no meio de xingamentos e gritarias.Depois fui submetida a tapas e choques elétricos. Perdi alguns dentes e todas as minhas obturações cairam. Como estava amamentando, o leite ecorria pelo meu corpo, o que constrangeu alguns torturadores e estimulou outros. O entra e sai era frenético. De repente, instalou-se um silencio sepulcral. Sobe e desce de escadas. Os interrogatórios foram suspensos. Na madrugadaentre 25 e 26 de outubro, agentes passavam pelos corredores e perguntando se 'alguém também estava passando mal'. Pensei que algo de terrível tivesse ocorrido com o Geroge. Não havia sido com ele, mas com o Vladimir Herzog. Foram provavelmente dele os gemidos que ouviada sala contigua..."
Diante destes fatos descritos pela companheira Marise e outros muitos pelo Brasil afora o PCB afirma que a questão é simples, O que queremos é:
- A imediata instalação da Comissão da Verdade;
-Apuração dos crimes da ditadura empresarial/militar;
-Localização dos desaparecidos;
-Punição dos culpados.
Acreditamos que mesmo essa Comissão da Verdade que já nasce constrangida, cerceada, controlada; mesmo essa! só será instalada e terá força para cumprir com o seu papel caso tenha apoio napopulaçã, do contrário o tempo tende sempre ao esfriamento.
Assim nós do PCB vamos estar juntos nasações que venham a servir a esse interesse; porém mantendo nossa independência de pensar e agir.
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