quarta-feira, 16 de abril de 2014

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Guerra e morte do dólar americano?
Os EUA ou o mundo estão a chegar ao fim?


por Paul Craig Roberts [*]
2014 está a perfilar-se como o ano de ajuste de contas para os Estados Unidos.

Duas pressões estão a acumular-se sobre o dólar americano. Uma decorre da declinante capacidade do Federal Reserve para manipular o preço do ouro quando as reservas ocidentais encolhem e se espalha no mercado o conhecimento da ilegal manipulação de preços feita pelo Fed. É inequívoca a evidência de quantidades maciças de vendas a descoberto a serem despejadas no mercado de futuros do ouro numa altura em que a comercialização é fraca. Tornou-se óbvio que o preço do ouro está a ser manipulado no mercado de futuros a fim de proteger o valor do dólar das consequências da quantitative easing (QE).

A outra pressão provém das loucas ameaças do regime de Obama, de sanções contra a Rússia. Outros países já não estão dispostos a tolerar o abuso de Washington quanto ao padrão dólar mundial. Washington utiliza os pagamentos internacionais com base no dólar para prejudicar as economias de países que resistem à hegemonia política de Washington.

A Rússia e a China já estão fartas. Conforme noticiei e conforme Peter Koenig noticia, a Rússia e a China estão a desligar do dólar o seu comércio internacional. Daqui em diante, a Rússia efectuará o seu comércio, incluindo a venda de petróleo e de gás natural à Europa, em rublos e nas divisas dos seus parceiros do BRICS.

Isto significa uma grande quebra na procura de dólares americanos e uma queda correspondente no valor cambial do dólar.

Conforme John Williams ( shadowstats.com ) deixou claro, a economia dos EUA não recuperou dos maus tempos de 2008 e tem continuado a enfraquecer. A grande maioria da população americana há anos que está a ser fortemente pressionada pela falta de crescimento dos rendimentos. Como actualmente os EUA são uma economia dependente quanto a importações, uma queda no valor do dólar aumentará os preços nos EUA e fará baixar o nível de vida.

Todos os indícios apontam para o fracasso económico dos EUA em 2014, e é essa a conclusão do relatório de John William, de 9 de Abril.

Este ano também pode vir a assistir ao colapso da NATO e talvez mesmo da UE. O golpe imprudente de Washington na Ucrânia e a ameaça de sanções contra a Rússia empurraram os estados marionetes da NATO para um terreno perigoso. Washington avaliou mal a reacção na Ucrânia quando derrubou o seu governo democraticamente eleito e impôs um governo fantoche. A Crimeia separou-se rapidamente da Ucrânia e juntou-se à Rússia. Poderão seguir-se em breve outros territórios outrora russos.

Os descontentes em Lugansk, Donetsk e Kharkov estão a exigir referendos. Os descontentes promulgaram a República Popular de Donetsk e a República Popular de Kharkov. O governo fantoche de Washington em Kiev ameaçou dominar os protestos com a violência. ( rt.com/news/eastern-ukraine-violence-threats-405/ )

Washington afirma que as manifestações de protesto são organizadas pela Rússia, mas ninguém em Washington acredita, nem mesmo os seus fantoches ucranianos.

Notícias na imprensa russa identificaram mercenários americanos entre as forças de Kiev enviadas para dominar os separatistas na Ucrânia oriental. Um membro da extrema-direita, o neo-nazi Partido Patriota no parlamento de Kiev defendeu que os manifestantes fossem abatidos a tiro.

A violência contra os manifestantes provocará provavelmente a intervenção do exército russo e o regresso da Rússia aos seus antigos territórios na Ucrânia oriental que foram anexados à Ucrânia pelo Partido Comunista soviético.

Com Washington a aventurar-se a proferir ameaças em crescendo, Washington está a empurrar a Europa para duas confrontações altamente indesejáveis. Os europeus não querem uma guerra com a Rússia por causa do golpe de Washington em Kiev e entendem que quaisquer sanções contra a Rússia, se concretizadas, serão muito mais prejudiciais para eles próprios. Na UE, a crescente desigualdade económica entre os países, o alto desemprego, e a rigorosa austeridade económica imposta aos membros mais pobres têm provocado enormes tensões. Os europeus não estão dispostos a suportar o fardo dum conflito com a Rússia orquestrado por Washington. Enquanto Washington oferece à Europa guerra e sacrifícios, a Rússia e a China propõem comércio e amizade. Washington fará os possíveis para manter os políticos europeus comprados-e-pagos e alinhados com as políticas de Washington, mas para a Europa os riscos de alinhar com Washington são agora muito maiores.

Em muitas frentes, Washington está a surgir aos olhos do mundo como aldrabão, inconfiável e completamente corrupto. James Kidney, promotor público da Securities and Exchange Comission [SEC], aproveitou a ocasião da sua aposentação para revelar que superiores seus haviam arquivado os seus processos da Goldman Sachs e de outros "bancos demasiado grandes para falir", porque os seus patrões da SEC não estavam preocupados com a justiça mas "em arranjar empregos com altas remunerações após o seu serviço público", protegendo os bancos contra processos pelas suas acções ilegais. ( www.counterpunch.org/2014/04/09/65578/ )

A Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional foi apanhada a tentar usar meios de comunicação sociais para derrubar o governo de Cuba. ( rt.com/news/cuba-usaid-senate-zunzuneo-241/ )

Esta imprudência audaciosa aparece a seguir ao derrube do governo ucraniano incitado por Washington, ao escândalo da espionagem da NSA, ao relatório de investigação de Seymour Hersh de que o gás sarin na Síria foi um incidente clandestino organizado pela Turquia, membro da NATO, a fim de justificar um ataque militar dos EUA à Síria, a seguir à imposição de Washington de fazer aterrar e passar busca ao avião presidencial do presidente boliviano Evo Morales, às "armas de destruição maciça" de Saddam Hussein, à má utilização da resolução de zona de exclusão aérea da Líbia para um ataque militar, etc. etc. Essencialmente, Washington conseguiu minar de tal modo a confiança de outros países quanto ao discernimento e integridade do governo americano que o mundo perdeu a fé na liderança dos EUA. Washington está reduzido a ameaças e subornos e aparece cada vez mais como um agressor.

Estes tiros no pé reflectiram-se na credibilidade de Washington. O pior de todos é a crescente percepção generalizada de que a louca teoria de conspiração de Washington sobre o 11/Set é falsa. Grande número de especialistas independentes, assim como mais de cem prestadores de primeiros socorros contradisseram todos os aspectos da absurda teoria da conspiração de Washington. Nenhuma pessoa esclarecida acredita que meia dúzia de árabes sauditas, que não sabiam pilotar aviões, e a funcionar sem a ajuda de qualquer agência de informações, pudesse iludir todo o estado de Segurança Nacional, não apenas as 16 agências de informações americanas, mas também todas as agências de informações da NATO e de Israel.

Nada funcionou no 11/Set. A segurança do aeroporto falhou quatro vezes numa hora, mais falhas numa hora do que ocorreram durante as 116.232 horas do século XXI, todas juntas. Pela primeira vez na história, a Força Aérea dos EUA não conseguiu interceptar inimigos no chão e nos céus. Pela primeira vez na história, o Controlo de Tráfego Aéreo perdeu aviões comerciais durante mais de uma hora e não o comunicou. Pela primeira vez na história, incêndios de baixas temperaturas, de vida curta, nalguns pisos, provocaram o enfraquecimento e colapso de estruturas de aço maciças. Pela primeira vez na história, três arranha-céus caíram em queda livre acelerada, sem o benefício de demolição controlada que eliminasse a resistência por baixo.

Dois terços dos americanos acreditaram nesta patranha. A esquerda acreditou porque encarou-a como uma história de oprimidos a vingarem-se do império maléfico da América. A direita acreditou na história, porque interpretaram-na como de muçulmanos diabólicos a atacar a boa América. O presidente George W. Bush exprimiu muito bem a visão da direita: "Eles odeiam-nos por causa da nossa liberdade e democracia".

Mas mais ninguém acreditou nela, muito menos os italianos. Os italianos tinham sido informados, anos antes, de incidentes secretos, quando o seu presidente revelou a verdade sobre a secreta Operação Gládio . A Operação Gládio foi chefiada pela CIA e pelos serviços secretos italianos durante a segunda metade do século XX, para colocação de bombas que mataram mulheres e crianças europeias a fim de acusar os comunistas e, a partir daí, minarem o apoio aos partidos comunistas europeus.

Os italianos foram dos primeiros a fazer apresentações em vídeo contestando a história bizantina de Washington sobre o 11/Set. A última desta contestação é o filme "Zero", de 1 hora e 45 minutos.

Podem vê-lo aqui: www.youtube.com/watch?v=QU961SGps8g&feature=youtu.be

"Zero" foi produzido pela companhia italiana Telemaco como um filme de investigação sobre o 11/Set. Nele aparece muita gente ilustre, juntamente com especialistas independentes. Em conjunto, contestam todas as afirmações feitas pelo governo dos EUA, relativas à sua explicação do 11/Set.

O filme foi exibido no parlamento europeu.

É impossível que alguém que veja este filme acredite numa só palavra da explicação oficial do 11/Set.
A conclusão é que cada vez é mais difícil desmentir que elementos do governo dos EUA tenham feito ir pelos ares três arranha-céus de Nova Iorque a fim de destruir o Iraque, o Afeganistão, a Líbia, a Somália, a Síria, o Irão, e o Hezbollah, e de lançar o programa dos neoconservadores dos EUA para uma hegemonia mundial dos EUA.

A China e a Rússia protestaram mas aceitaram a destruição da Líbia embora tenha sido em seu próprio prejuízo. Mas o Irão é uma linha vermelha. Washington ficou bloqueado, por isso decidiu provocar grandes problemas à Rússia na Ucrânia a fim de desviá-la do programa de Washington noutros locais.

A China tem estado hesitante sobre os compromissos entre os seus excedentes comerciais com os EUA e o crescente cerco de Washington que lhe é feito com as suas bases navais e aéreas. A China chegou à conclusão de que a China e a Rússia têm o mesmo inimigo – Washington.

Pode acontecer uma de duas coisas: ou o dólar americano será posto de lado e o seu valor entra em colapso, acabando assim com a situação de superpotência de Washington e a ameaça de Washington à paz mundial, ou Washington empurrará os seus fantoches para um conflito militar com a Rússia e a China. O resultado duma guerra dessas será muito mais devastador do que o colapso do dólar americano.
10/Abril/2014

Do mesmo autor:
  • Washington Drives The World To War. CIA Intervention in Eastern Ukraine , 15/Abril/2014

    O original encontra-se em www.globalresearch.ca/... . Tradução de Margarida Ferreira.
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