Num complexo quadro global em mutação no que diz respeito ao poderio econômico das grandes potências e das potências emergentes, a potência hegemônica declina. Mas as estruturas do império norte-americano - corporativas, financeiras, militares e político-culturais - todas permanecem no mesmo lugar, prontas a recuperar o domínio se e quando surgirem as oportunidades políticas.
A economia política mundial é um mosaico de correntes cruzadas. A decadência doméstica e o enriquecimento da elite, novas fontes para maiores lucros e um desencantamento político cada vez maior, o declínio de níveis de vida para luxos cada vez mais extravagantes, para uns poucos, perdas militares nalgumas regiões, com recuperação imperial noutras. Há clamores de uma configuração unipolar, multipolar e até não-polar de poder mundial. Onde, quando e a que ponto são estas afirmações válidas?
Bolhas e explosões vão e vêem. Falemos antes dos «beneficiários»: aqueles que causam colapsos, e arrancam as melhores recompensas enquanto as suas vítimas não têm sequer direito a uma palavra. A economia da fraude e o estado criminoso prosperam promovendo a perversão da cultura. O «jornalismo de investigação», ou reportagem de buraco de fechadura, é a moda. O mundo de poder gira descontrolado. Ao declinar os poderes no poder declaram «é a nossa lei ou a ruína de todos».
Bolhas e explosões vão e vêem. Falemos antes dos «beneficiários»: aqueles que causam colapsos, e arrancam as melhores recompensas enquanto as suas vítimas não têm sequer direito a uma palavra. A economia da fraude e o estado criminoso prosperam promovendo a perversão da cultura. O «jornalismo de investigação», ou reportagem de buraco de fechadura, é a moda. O mundo de poder gira descontrolado. Ao declinar os poderes no poder declaram «é a nossa lei ou a ruína de todos».
O poder é uma relação entre classes, estados e instituições militares e ideológicas. Qualquer configuração de poder é contingente em lutas passadas e presentes refletindo uma correlação de forças em mudança. Estruturas e recursos físicos, concentração de riqueza, armas e informação têm grande importância, constituem a moldura em que os manipuladores do poder se inserem. Mas estratégias para reter ou conseguir poder dependem de alianças seguras, entrada em guerra e negociações de paz. Acima de tudo, o poder mundial depende da força dos fundamentos domésticos. Isso requer uma economia produtiva dinâmica, um estado independente livre de ligações estrangeiras incômodas e de uma classe dirigente capaz de dominar recursos globais para «comprar» o consentimento local da maioria.
Para examinar a posição dos Estados Unidos na configuração global de poder é necessário analisar as suas relações políticas e econômicas em mudança a dois níveis: por região e por esfera de poder. A História não se move em padrões lineares ou de acordo com círculos recorrentes: derrotas militares e políticas em algumas regiões podem ser acompanhadas por vitórias significativas noutras. O declínio econômico nalgumas esferas e regiões pode ser acompanhado por avanços pronunciados noutros sectores econômicos e regiões.
Na análise final, o problema não é manter o cartão de marcação ou adicionar lucros e subtrair perdas, mas traduzir os resultados regionais e setoriais numa compreensão da direção e estruturas emergentes da configuração do poder global. Comecemos por examinar o legado de guerras recentes na economia global, poder político e militar dos Estados Unidos.
A opinião dominante dos analistas mais críticos é que na última década o império norte-americano sofreu uma série de derrotas militares, entrou em declínio econômico, e enfrenta agora uma competição séria e a previsão de mais derrotas militares. A evidência apresentada é impressionante. Os Estados Unidos foram forçados a retirar tropas do Iraque, após uma longa década de ocupação militar muito dispendiosa, deixando um regime ainda mais aliado ao Irão, o adversário regional dos Estados Unidos. A guerra do Iraque enfraqueceu a economia, retirou riqueza em petróleo às corporações americanas, fez crescer muito o orçamento de Washington e os déficits comerciais e reduziu o nível de vida dos cidadãos americanos. A guerra do Afeganistão teve um resultado semelhante, com grandes custos externos, retirada militar, clientes frágeis, desinteresse doméstico e poucas ou nenhumas transferências de riqueza (pilhagens imperiais) para o Tesouro dos Estados Unidos ou corporações privadas. A guerra na Líbia destinou-se à destruição total de uma economia moderna rica de petróleo no Norte de África, a dissolução total da sociedade civil e de estado e a emergência de milícias tribais armadas e fundamentalistas contra os Estados Unidos e estados clientes da União Européia do África do Norte e subsaariana. Em vez de continuar a aproveitar de acordos lucrativos de gás e petróleo com o regime conciliatório de Kadhafi, Washington decidiu uma «mudança de regime» entrando numa guerra que arruinou a Líbia e destruiu qualquer estado central viável. A «proxy war» atual na Síria fortaleceu os senhores da guerra islamitas radicais, destruiu a economia de Damasco e aumentou a pressão maciça de refugiados, que se juntaram aos milhares das guerras do Iraque e da Líbia. As guerras imperiais dos Estados Unidos resultaram em perdas econômicas, instabilidade regional política e militar e lucros militares para os adversários islâmicos.
A América Latina rejeitou em bloco os esforços norte-americanos para derrubar o governo venezuelano. O mundo inteiro à exceção de Israel e de Washington rejeitou o bloqueio de Cuba. Regiões de integração regional, que excluíram os Estados Unidos proliferam. As quotas norte-americanas declinaram já que a Ásia está a substituir os Estados Unidos no mercado da América Latina.
Na Ásia, a China aumenta e aprofunda os seus laços econômicos com todos os países chave, enquanto o «pivot» norte-americano é essencialmente um esforço num círculo de bases militares que envolvem o Japão, Austrália e as Filipinas. Por outras palavras, a China é mais importante do que os Estados Unidos para a expansão econômica asiática, enquanto o financiamento chinês do comércio americano aumenta na economia norte-americana.
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