O economista João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), denunciou que as corporações dos países centrais estão promovendo uma avalanche de capital no Brasil e outros países para expandir o agronegócio baseado na monocultura.
“Eles (empresas multinacionais e bancos) vão aos países para privatizar a terra, a água, os recursos naturais das florestas. E agora estão tentando privatizar inclusive o ar com essa política de crédito de carbono”, afirmou, numa entrevista gravada em vídeo divulgada na terça-feira (10).
Segundo Stédile, empresas estão usando GPS para mapear os níveis de oxigênio e fotossíntese das florestas, transformando esses recursos em títulos de valores fictícios, que são vendidos nas bolsas europeias para compensar a emissão de gás carbônico produzido por esses mesmos grupos em seus países de origem.
“É uma hipocrisia completa. O capitalista está ganhando dinheiro (com a poluição que produz) e se apropriando até do ar”, ressaltou.
O dirigente do MST condenou o predomínio de multinacionais e bancos no controle da terra e dos sistemas de produção, além de criticar o fracasso dos governos neoliberais e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) na produção de alimentos e combate a fome.
Stédile também defendeu um novo modelo de reforma agrária, que seja capaz de promover uma revolução nos métodos de produção, substituindo a monocultura pela diversificação, a destruição das matas pelo reflorestamento e as commodities agrícolas por alimentos.
“Tem de trocar a matriz tecnológica predadora – baseada no uso intensivo de máquinas e defensivos agrícolas – pela agroecologia e investir na produtividade em equilíbrio com a natureza”, afirmou. Segundo o líder do MST, o novo modelo passa também pela democratização do conhecimento através de uma revolução educacional que alcance famílias de trabalhadores urbanos e camponeses.
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