Não se combate o terrorismo com o terrorismo de Estado
Os Editores
11.Jan.15 :: Editores
Cavalgando a justa emoção popular e a universal condenação dos ataques terroristas dos últimos dias, o governo francês e os grandes media internacionais montaram uma colossal operação de manipulação e propaganda, com base nas gigantescas mobilizações populares convocadas para domingo.
Tal “jornada republicana” tem assim duas faces diametralmente opostas. De um lado, uma larguíssima e emocionada mobilização popular em defesa de uma sociedade livre de opressão e de medo. Do outro, um enquadramento institucional e mediático que aponta em sentido contrário.
Tal “jornada republicana” tem assim duas faces diametralmente opostas. De um lado, uma larguíssima e emocionada mobilização popular em defesa de uma sociedade livre de opressão e de medo. Do outro, um enquadramento institucional e mediático que aponta em sentido contrário.
Basta olhar o leque das presenças internacionais nessa “jornada” para que tal contraste fique evidente. Ao lado de Hollande – o presidente de uma França crescentemente empenhada na recolonização africana – estiveram, entre outros, o criminoso de guerra Netanyahu, o oligarca Poroshenko, actual responsável pela catástrofe ucraniana, Ângela Merkel, o húngaro Viktor Orban, representantes de regimes do Médio-Oriente cuja cumplicidade com o imperialismo os torna co-responsáveis pela destruição do Iraque ou da Líbia, pela actual tragédia Síria, pelo infindável martírio do povo palestino.
Estiveram primeiros-ministros que conduzem uma implacável guerra contra os direitos dos seus povos, de Passos Coelho a Cameron ou a Rajoy. Estiveram representantes de governos antidemocráticos e de extrema-direita e outros que, perante o ascenso da extrema-direita nos seus países, adoptam posicionamentos e a própria linguagem dessa extrema-direita, como sucede em França e na Grã-Bretanha.(grifos meus).
A pretexto de homenagearem os redactores de “Charlie Hebdo” juntaram um largo leque dos personagens contra os quais essa corajosa revista exercia uma vigorosa sátira. A pretexto do “combate ao terrorismo” juntaram alguns dos mais repugnantes praticantes do terrorismo de Estado.
Estas duas faces da “jornada republicana” de França não são apenas opostas. Estão inevitavelmente em confronto. De um lado o discurso securitário do poder de Estado, o louvor e a necessidade de uma ainda maior repressão e vigilância policial indiscriminada da sociedade. É de temer que na Europa e nos EUA esteja já em preparação uma vaga de repressão a pretexto do combate ao terrorismo. Do outro lado uma gigantesca massa popular cuja emoção não a pode fazer esquecer que a defesa da paz e da segurança é inseparável do combate a todos os que exercem a violência a partir do poder, seja ela sob a forma da exploração, da exclusão, da pobreza, da destruição dos direitos dos trabalhadores e dos povos, seja sob a forma da repressão e do terrorismo de Estado.
Não é com inimigos da democracia e da paz que se defende a democracia e a paz. Não é com o terrorismo de Estado que se combate o terrorismo.
Não é com inimigos da democracia e da paz que se defende a democracia e a paz. Não é com o terrorismo de Estado que se combate o terrorismo.
Os Editores de odiario.info
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