"A CORRUPÇÃO
Os leitores que nos acompanharam ao longo dessas sete
matérias em que, sem subterfúgios, identificamos como violência a fome, o
analfabetismo, a prostituição, a luta pela terra, o problema do menor
abandonado e a poluição ambiental, sentiram a nossa mensagem e sabem que se não
atacarmos as causas dessas violências, a sociedade brasileira caminhará para
confrontos violentos. Daí o nosso alerta e a nossa preocupação.
A corrupção une-se às seis violências já citadas e
analisadas. Ao longo dos 21 anos de ditadura
militar, de hegemonia do grupo civil servil e entreguista, a nação acompanhou
impassível e revoltada a violenta e massacrante entrega das nossas reservas
minerais: isso é corrupção e ato anti-soberano. Entregaram o nosso ouro, a
areia monassídica, o ferro, o caulim e o que é de mais precioso para a nação, o
nosso solo, solo esse que foi destruído pela política do “exportar é o que
importa”, para satisfazer a sanha corruptora da indústria multinacional das
oleaginosas.
Toda a sociedade sabe, pois existem documentos e livros
comprovando tais denúncias, das corrupções que campearam e continuam a
acontecer no país. Quem leu “Os Mandarins da República”, de José Carlos de
Assis, pôde constatar o quanto a impunidade está a solta no país. Assis conta,
em pormenores, oito ou dez casos que se confundem com a própria história do
Brasil dos anos 70 e 80. A história da Cobec, filha estremecida do Banco do
Brasil; a história da Interbrás; as histórias da Coscafé e da Pancafé; o
extraordinário caso Tama; os casos da Dow Química e da Vale e, afinal, o
escândalo-rei da Capemi são histórias para malandro nenhum botar defeito.
Segundo Fernando Pedreira, que apresenta o livro, “são histórias que revelam o
grau de paroxismo a que chegamos, sob o guarda-chuva militar do regime, de
irresponsabilidade e de incompetência tecnocrática, irmanadas à corrupção e à
roubalheira impunes e infrenes. Administradores como Paulo Bornhausen – irmão
do ex-ministro da educação, senador e atual presidente nacional do PFL, Jorge
Bornhausen – e Carlos Sant’Anna (da Cobec e da Petrobrás), deviam ter sido
interditados e internados num manicômio judiciário. Foram promovidos.”
Somos sabedores e
conhecedores dos grandes crimes de colarinho branco tipo Coroa-Brastel,
Sunaman, Delfim, BNCC, IBC, Sulbrasileiro, Brasilinvest, a quebradeira dos
bancos e agora Sudam e Sudene. Perguntamos: os seus protagonistas foram ou
estão sendo punidos? Não! São crimes cujas punições a sociedade brasileira está esperando que
sejam impostas, desde a Nova República, a bem da moralidade e saneamento
público. Volto a insistir que a desculpa
de falta de recursos para promover a reforma agrária no país é mentirosa. Cobrem-se as dívidas das corrupções,
seqüestrem-se os bens dos responsáveis pelos grandes desvios nos cofres públicos
e teremos dinheiro sobrando para fazer a maior reforma agrária que o mundo
jamais viu.
Esse é um desafio que fazemos ao Presidente FHC, aos
ministros da justiça, da reforma agrária e aos ministros militares para que
ajam com todo o rigor e força, força essa que já usaram, e ainda usam, contra
brasileiros que lutaram para acabar com os tecnocratas e negocistas que
tornaram a nossa pátria a segunda potência devedora do planeta Terra. A direção
do tiro foi e continua errada, pois pune-se quem denuncia e promove-se quem dá calote.
Por isso achamos que a sociedade deve se unir para mudar esse
estado de coisas. Temos que lutar contra os abusos e desmandos do poder
econômico, que aberta e descaradamente
defende e financia candidaturas que continuam a favorecer e ditar leis na
Câmara e no Senado, leis que favorecem as licenciosidades e a impunidade.
A corrupção é tão
grande nesse país que se imitássemos as leis praticadas no Irã seríamos
reduzidos a um grande continente de manetas; lá eles cortam as mãos dos que se
apropriam dos bens alheios.
Estou triste porque os sete artigos que escrevi sobre as
violências brasileiras foram publicados no Correio de Noticias de Curitiba nos
meses de junho e julho de 1986, portanto há 15 anos, e essa situação permanece
praticamente inalterada; mas fico contente e otimista porque a sociedade está
reagindo. Mandamos embora o ex-presidente Collor e agora estamos dando um
corretivo num dos maiores pilantras da política brasileira: o execrável ACM.”
Publicado originalmente no: Correio de Notícias, Curitiba - 05.07.1986
O artigo acima foi
publicado há quase 30 anos. É para refrescar a cuca de alguns hipócritas e
falsos moralistas, inclusive a nossa mídia, que na ditadura se locupletaram das
roubalheiras e falcatruas. Estavam todos amordaçados; quem denunciasse era
enquadrado na Lei de Segurança Nacional.
Não sou PT; votei em
Lula e Dilma. Cometeram erros; sim! Mas a mídia mafiosa e os falsos moralistas, se excedem e
todos os dias batem na nossa Petrobras porque QUEREM PRIVATIZÁ-LA. Esses
canalhas não conseguirão!
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