Sobre a questão da fome na Coréia do Norte
Comentários, dados e informações, sobre o problema da fome na República Popular Democrática da Coreia. Pelo graduando em História (pela Universidade Federal de Pernambuco), Jones Makaveli.
Os monopólios de mídia mundial continuam sua incessante campanha difamatória contra a Coréia do Norte. A notícia da vez, de novo, é dizer que existe grande fome absoluta no país, milhares de pessoas morrendo e vários casos de canibalismo acontecendo. Antes de dizer o que realmente acontece no país, é importante desnudar o viés racista dessas notícias. Os países centrais do capitalismo historicamente se “confundem” com o Ocidente “branco” e propagaram a falácia racista de que os povos da África e Ásia são bárbaros, atrasados, incivilizados, etc. Essa notícia do canibalismo – que é falsa – parte da mesma ideia do povo inferior, bárbaro, incivilizado, brutal, desumano.
A Coréia do Norte têm uma população de 25 milhões de habitantes. Só 16% do seu território é agricultável (a maioria do território é montanhoso). Os solos são de baixa produtividade e contém desgaste milenar (a civilização coreana têm mais de 5 mil anos). A Coréia tem forte tecnologia, investe muito no aumento da produtividade dos solos, uso de alimentos transgênicos e distribuição planejada e racional dos alimentos produzidos. Mesmo com essa tecnologia e forma de distribuição dos mantimentos, a Coréia necessita importar alimentos, mas sofre um dos bloqueios econômicos mais brutais do mundo. O bloqueio contra a Coréia é até mais violento que o contra Cuba e o Irã. A Coréia praticamente só tem relações comerciais fortes com China e Rússia e nenhum dos dois países é forte exportador de alimentos.
Contudo, mesmo tendo uma situação alimentar difícil, não existe esse déficit absoluto de alimentos. A alimentação dos coreanos é realmente pobre, pouco diversificada, a situação alimentar é preocupante, mas fome absoluta não existe. Além disso, como já ficou claro acima, a situação de insegurança alimentar não é de responsabilidade do governo (ou do sistema econômico-político); causas naturais e o bloqueio do imperialismo é que explicam os problemas do país. Ao mesmo tempo, é claro para qualquer pessoa que conhecesse minimamente os problemas da fome na história do capitalismo, que sem uma economia planificada de distribuição de alimentos racional a situação do povo coreano estaria muito pior.
Por que os monopólios adoram usar a ideia de fome na Coréia do Norte? A resposta é simples e divide-se em duas questões básicas: afirmar que um país pós-capitalista como a Coréia do Norte não consegue nem prover alimentos para seu povo é uma forma de “provar” a superioridade do capitalismo sobre qualquer outro sistema econômico-político alternativo; a Coréia do Norte realmente teve problemas de fome absoluta com a morte de várias pessoas nos anos 90, depois do fim da União Soviética. A URSS era a principal parceira comercial da Coréia, sua queda foi uma tragédia para os coreanos (como foi para Cuba) e a crise econômica foi de proporções brutais, porém, ao final dos anos 90 a crise econômica na Coréia já tinha sido superada e o país não teve mais crises de fome absoluta.
A maioria das notícias que o “Ocidente” publica sobre a Coréia do Norte vem da Coréia do Sul. A Coréia do Sul tem uma lei de segurança nacional proibi qualquer elogio mínimo à Coréia do Norte. Essas notícias bizarras e grotescas não têm qualquer fundo de verdade, não passam de instrumentos vulgares de propaganda do imperialismo – através dos monopólios de mídia – e é vergonhoso qualquer pessoa que se pretenda de esquerda ao invés de combater essas mentiras, reproduzi-las de forma acrítica.
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