O perigo dos agrotóxicos
"A agroecologia não é mais saudável, nem
melhor para o meio ambiente", dizem os defensores do modelo industrial.
Somos levados a acreditar que uma agricultura indústria, intensiva, que usa sistematicamente
produtos químicos sintéticos na sua produção, é igual à agroecologia que
prescinde dos mesmos. Inacreditável. Se práticas agroecológicas surgem é precisamente
em resposta a um modelo de agricultura que polui a terra e nossos corpos.
Durante anos, a retirada e a proibição de
agrotóxicos, pesticidas utilizados na agricultura convencional tem sido uma constante,
depois de serem demonstrados os seus
impactos negativos sobre a saúde dos camponeses e consumidores e do ambiente.
Talvez o caso mais conhecido seja o do
DDT, um inseticida usado para o controle de pragas dos anos 40 e que, devido à
sua alta toxicidade ambiental e humana e pouca ou nenhuma biodegradação foi
proibido em muitos países. Em 1972, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) de os
EUA vetaram seu uso por considerá-lo um "potencial cancerígeno para os
seres humanos". Outras agências internacionais, como o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente, a Agência Internacional para Pesquisa sobre o
Câncer, entre outros, também relataram tais efeitos. Ainda assim, aqueles que
mantem a afirmação inicial –aqui contestada – se mostram, no entanto, e embora
possa surpreender partidários do DDT, e o seguem defendendo, apesar de todas as
evidências.
No
entanto, o DDT não é um caso isolado. A cada ano, produtos químicos sintéticos
utilizados na agricultura industrial são retirados do mercado pela Comissão Europeia.
Sem ir mais longe, em 2012 o Tribunal Superior de Lyon concluiu que a
intoxicação do agricultor Paul François e as consequências das sequelas
decorrentes para a sua saúde foram devido ao uso e manejo de herbicida Lasso da
Monsanto, que não informava nem do uso
correto produto, nem de seus riscos para a saúde. Mesmo a Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), sentenciava no artigo Controle
da poluição da água da agricultura, em 1996, que o uso de pesticidas na
agricultura, tiveram efeitos negativos em vários níveis: 1) Nos sistemas
aquáticos por causa de sua alta toxicidade
e persistência de químicos que degradava
as águas; 2) Na saúde humana, pois a inalação, a ingestão e o contato desses produtos químicos com a pele impactaram sobre o número de casos
de câncer, deformidades congênitas, deficiências do sistema imunológico e
mortalidade pulmonar; 3) No meio ambiente, com a morte dos organismos, geração
de cânceres, tumores e lesões em animais, através da inibição reprodutiva, e a disrrupção endócrina, entre outros. Que pesticidas serão proibidos
amanhã? Impossível sabê-lo! Até quando permitiremos continuar sendo cobaias?
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