quarta-feira, 9 de julho de 2014

QUEM TEM MEDO DA AGROECOLOGIA? (II)




O perigo dos agrotóxicos

  "A agroecologia não é mais saudável, nem melhor para o meio ambiente", dizem os defensores do modelo industrial. Somos levados a acreditar que uma agricultura  indústria, intensiva, que usa sistematicamente produtos químicos sintéticos na sua produção, é igual à agroecologia que prescinde dos mesmos. Inacreditável. Se práticas agroecológicas surgem é precisamente em resposta a um modelo de agricultura que polui a terra e nossos corpos.

Durante anos, a retirada e a proibição de agrotóxicos, pesticidas utilizados na agricultura convencional tem sido uma constante, depois de serem  demonstrados os seus impactos negativos sobre a saúde dos camponeses e consumidores e do ambiente. Talvez o caso mais conhecido seja  o do DDT, um inseticida usado para o controle de pragas dos anos 40 e que, devido à sua alta toxicidade ambiental e humana e pouca ou nenhuma biodegradação foi proibido em muitos países. Em 1972, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) de os EUA vetaram seu uso por considerá-lo um "potencial cancerígeno para os seres humanos". Outras agências internacionais, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer, entre outros, também relataram tais efeitos. Ainda assim, aqueles que mantem a afirmação inicial –aqui contestada – se mostram, no entanto, e embora possa surpreender partidários do DDT, e o seguem defendendo, apesar de todas as evidências.

  No entanto, o DDT não é um caso isolado. A cada ano, produtos químicos sintéticos utilizados na agricultura industrial são retirados do mercado pela Comissão Europeia. Sem ir mais longe, em 2012 o Tribunal Superior de Lyon concluiu que a intoxicação do agricultor Paul François e as consequências das sequelas decorrentes para a sua saúde foram devido ao uso e manejo de herbicida Lasso da  Monsanto, que não informava nem  do  uso correto produto, nem de seus riscos para a saúde. Mesmo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), sentenciava  no artigo Controle da poluição da água da agricultura, em 1996, que o uso de pesticidas na agricultura, tiveram efeitos negativos em vários níveis: 1) Nos sistemas aquáticos  por causa de sua alta toxicidade e persistência de químicos que  degradava as águas; 2) Na saúde humana, pois a  inalação, a ingestão e  o contato desses produtos químicos  com a pele impactaram sobre o número de casos de câncer, deformidades congênitas, deficiências do sistema imunológico e mortalidade pulmonar; 3) No meio ambiente, com a morte dos organismos, geração de cânceres, tumores e lesões em animais, através da inibição  reprodutiva,  e a disrrupção  endócrina, entre outros. Que pesticidas serão proibidos amanhã? Impossível sabê-lo! Até quando  permitiremos  continuar sendo  cobaias?

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