sábado, 18 de abril de 2015

CINQUENTA ANOS DE GUERRAS IMPERIAIS: RESULTADOS E PERSPECTIVAS (I)



 

Estes textos que estão sendo divulgados em várias partes, são referencias a uma publicação de James Petras em ODiario.info, que constitui uma notável tentativa de sistematização dos processos através dos quais os EUA aspiram ao poder global. É tanto mais interessante quanto permite constatar que a categoria “ imperialismo”, mesmo quando abordada de um ponto de vista que diverge da concepção marxista-leninista, permite identificar traços e contradições essenciais do estado atual do capitalismo. Coisa que não sucede com os ideólogos que vêm tentando substituir o conceito de imperialismo pela palavra” império”.
Boa leitura.

Cinquenta Anos de Guerras Imperiais: Resultados e Perspectivas (I)

Nos últimos 50 anos, os EUA e as potências europeias envolveram-se em inúmeras guerras imperiais em todo o mundo. A vontade de supremacia mundial revestiu-se da retórica de “liderança do mundo”, cujas consequências foram devastadoras para os povos atingidos. As maiores, mais longas e mais numerosas guerras foram conduzidas pelos Estados Unidos. Presidentes de ambos os partidos dirigem e presidem a esta busca de poder mundial. A ideologia que informa o imperialismo varia do “anticomunismo” no passado ao “antiterrorismo” de hoje.
 A tendência de Washington para o domínio mundial utilizou e combinou muitas formas de belicismo, incluindo invasões e ocupações militares, exércitos de mercenários por procuração e golpes militares, financiamento a partidos políticos, ONG’s e amotinações de rua, para derrubar governos legalmente constituídos. As forças motrizes no estado imperial por detrás da busca de poder mundial variam com a localização e composição socioeconômica dos países a atingir.
 O que resulta claro da análise do crescimento do império americano no último meio século é o relativo declínio dos interesses econômicos e o aumento das considerações político-militares. Isto é em parte devido ao fim dos regimes coletivistas (URSS e Europa Oriental) e a conversão ao capitalismo da China e dos regimes de esquerda asiáticos, africanos e latino-americanos. O declínio das forças económicas como força motriz do imperialismo é um resultado do advento do neoliberalismo global. A maior parte das multinacionais americanas e europeias não estão ameaçadas por nacionalizações ou expropriações que possam desencadear intervenções políticas do estado imperial. De fato, as empresas multinacionais são convidadas a investir, negociar e explorar os recursos naturais, até por regimes pós-neoliberais. Os interesses econômicos entram em jogo na formulação das políticas de estado imperiais, se e quando regimes nacionalistas emergem e desafiam as empresas multinacionais americanas, como no caso da Venezuela com o presidente Chávez.
 A chave para o crescimento do império americano no último meio século encontra-se na configuração do poder político, militar e ideológico que acabou por controlar as alavancas do estado imperial. A história recente das guerras imperiais dos EUA demonstrou que as prioridades militares estratégicas – bases militares, orçamentos e burocracia – se expandiram muito para além de quaisquer interesses econômicos localizados. Além disso, as vastas despesas e as dispendiosas intervenções militares do estado imperial dos EUA no Médio-Oriente foram feitas às ordens de Israel. A detenção de posições políticas estratégicas no ramo do executivo e no Congresso pela poderosa configuração de poder sionista nos EUA reforçou a predominância dos interesses militares sobre os econômicos.
 A “privatização” das guerras imperiais – o vasto crescimento e utilização de mercenários contratados pelo Pentágono – levou à grande pilhagem de dezenas de milhares de milhões de dólares do Tesouro dos EUA. Empresas de grande dimensão que fornecem combatentes militares mercenários tornaram-se uma força muito “influente” na concepção da natureza e nas consequências do crescimento do império dos EUA.
 Os estrategas militares, os defensores dos interesses coloniais israelitas no Médio-Oriente, as empresas mercenárias militares e de informações são atores centrais do estado imperial e é a sua influência na tomada de decisões que explica porquê as guerras imperiais dos EUA não têm como resultado um império politicamente estável e economicamente próspero. Em vez disso, as suas políticas têm tido como resultado economias instáveis, devastadas e em perpétua convulsão.
 Prosseguimos identificando as áreas e regiões em mudança no crescimento do império dos EUA de meados dos anos 70 até à atualidade. Examinaremos então os métodos, forças motrizes e resultados da expansão imperial. Voltaremos depois a descrever o corrente mapa geopolítico do crescimento do império e a natureza variada da resistência anti-imperialista. Concluiremos examinando o como e o porquê do crescimento do império e, mais particularmente, as consequências e resultados da expansão imperial dos EUA durante meio século.
Continua...
 
 

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