Estes textos que estão sendo
divulgados em várias partes, são referencias a uma publicação de James Petras
em ODiario.info, que constitui uma notável tentativa de sistematização dos processos
através dos quais os EUA aspiram ao poder global. É tanto mais interessante
quanto permite constatar que a
categoria “ imperialismo”, mesmo quando abordada de um ponto de vista que
diverge da concepção marxista-leninista, permite identificar traços e
contradições essenciais do estado atual do capitalismo. Coisa que não sucede
com os ideólogos que vêm tentando substituir o conceito de imperialismo pela
palavra” império”.
Boa leitura.
Cinquenta
Anos de Guerras Imperiais: Resultados e Perspectivas (I)
Nos últimos 50 anos, os EUA
e as potências europeias envolveram-se em inúmeras guerras imperiais em todo o
mundo. A vontade de supremacia mundial revestiu-se da retórica de “liderança do
mundo”, cujas consequências foram devastadoras para os povos atingidos. As
maiores, mais longas e mais numerosas guerras foram conduzidas pelos Estados
Unidos. Presidentes de ambos os partidos dirigem e presidem a esta busca de
poder mundial. A ideologia que informa o imperialismo varia do “anticomunismo”
no passado ao “antiterrorismo” de hoje.
A tendência de Washington para o domínio
mundial utilizou e combinou muitas formas de belicismo, incluindo invasões e
ocupações militares, exércitos de mercenários por procuração e golpes
militares, financiamento a partidos políticos, ONG’s e amotinações de rua, para
derrubar governos legalmente constituídos. As forças motrizes no estado
imperial por detrás da busca de poder mundial variam com a localização e composição
socioeconômica dos países a atingir.
O que resulta claro da análise do crescimento
do império americano no último meio século é o relativo declínio dos interesses
econômicos e o aumento das considerações político-militares. Isto é em parte
devido ao fim dos regimes coletivistas (URSS e Europa Oriental) e a conversão
ao capitalismo da China e dos regimes de esquerda asiáticos, africanos e
latino-americanos. O declínio das forças económicas como força motriz do
imperialismo é um resultado do advento do neoliberalismo global. A maior parte
das multinacionais americanas e europeias não estão
ameaçadas por nacionalizações ou expropriações que possam desencadear
intervenções políticas do estado imperial. De fato, as empresas multinacionais
são convidadas a investir, negociar e explorar os recursos naturais, até por
regimes pós-neoliberais. Os interesses econômicos entram em jogo na formulação
das políticas de estado imperiais, se e quando regimes nacionalistas emergem e
desafiam as empresas multinacionais americanas, como no caso da Venezuela com o
presidente Chávez.
A chave para o crescimento do império
americano no último meio século encontra-se na configuração do poder político,
militar e ideológico que acabou por controlar as alavancas do estado imperial.
A história recente das guerras imperiais dos EUA demonstrou que as prioridades
militares estratégicas – bases militares, orçamentos e burocracia – se
expandiram muito para além de quaisquer interesses econômicos localizados. Além
disso, as vastas despesas e as dispendiosas intervenções militares do estado
imperial dos EUA no Médio-Oriente foram feitas às ordens de Israel. A detenção
de posições políticas estratégicas no ramo do executivo e no Congresso pela
poderosa configuração de poder sionista nos EUA reforçou a predominância dos
interesses militares sobre os econômicos.
A “privatização” das guerras imperiais – o
vasto crescimento e utilização de mercenários contratados pelo Pentágono –
levou à grande pilhagem de dezenas de milhares de milhões de dólares do Tesouro
dos EUA. Empresas de grande dimensão que fornecem combatentes militares
mercenários tornaram-se uma força muito “influente” na concepção da natureza e
nas consequências do crescimento do império dos EUA.
Os estrategas militares, os defensores dos
interesses coloniais israelitas no Médio-Oriente, as empresas mercenárias
militares e de informações são atores centrais do estado imperial e é a sua
influência na tomada de decisões que explica porquê as guerras imperiais dos
EUA não têm como resultado um império politicamente estável e economicamente
próspero. Em vez disso, as suas políticas têm tido como resultado economias
instáveis, devastadas e em perpétua convulsão.
Prosseguimos identificando as áreas e regiões
em mudança no crescimento do império dos EUA de meados dos anos 70 até à atualidade.
Examinaremos então os métodos, forças motrizes e resultados da expansão
imperial. Voltaremos depois a descrever o corrente mapa geopolítico do
crescimento do império e a natureza variada da resistência anti-imperialista.
Concluiremos examinando o como e o porquê do crescimento do império e, mais
particularmente, as consequências e resultados da expansão imperial dos EUA
durante meio século.
Continua...
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