O
Imperialismo no período pós-Vietnam: Guerras por procuração na América Central,
no Afeganistão e no sul de África
A derrota imperialista na Indochina marca o
fim de uma fase do crescimento do império e o começo de outra: uma mudança das
invasões territoriais para guerras por procuração. Uma opinião pública nacional
hostil obstou a guerras terrestres de grande escala. Iniciando-se durante as
presidências de Gerald Ford e James Carter, o estado imperial dos EUA passou a
confiar cada vez mais em clientes por procuração. Recrutou, financiou e armou
forças militares por procuração para a destruição de vários regimes e movimentos
revolucionários nacionalistas e sociais nos três continentes. Washington
financiou e armou forças extremistas islâmicas em todo o mundo, para invadirem
e destruírem o regime secular e modernizador apoiado pelos soviéticos no
Afeganistão, com apoio logístico dos militares e das agências de informação
paquistanesas e a sustentação financeira da Arábia Saudita.
A segunda intervenção por procuração foi no
sul da África, onde o estado imperial dos EUA financiou e armou forças por
procuração contra os regimes anti-imperialistas em Angola e Moçambique, em
aliança com a África do Sul.
A terceira intervenção por procuração teve
lugar na América Central, onde os EUA financiaram, armaram e treinaram
esquadrões da morte assassinos nos regimes da Nicarágua, El Salvador, Guatemala
e Honduras, para dizimarem movimentos populares e revoltas armadas, resultando
em mais de 300 mil mortes civis.
A “estratégia da procuração” do estado
imperial dos EUA estendeu-se à América do Sul: a CIA e o Pentágono apoiaram
golpes militares que tiveram lugar no Uruguai (general Alvarez), no Chile
(general Pinochet), na Argentina (general Videla), na Bolívia (general Banzer)
e no Peru (general Morales). O crescimento do império através de procuradores
foi largamente por conta das empresas multinacionais americanas que foram os
principais atores no estabelecimento de prioridades no estado imperial ao longo
deste período.
A acompanhar as guerras por procuração, foram
as invasões militares diretas: a pequena ilha de Granada (1983) e o Panamá
(1989) com os presidentes Reagan e Bush Sr. Alvos fáceis, com poucas baixas e
despesas militares de baixo custo: ensaios para o relançamento de operações
militares de envergadura no futuro próximo.
O que é notável sobre as “guerras por
procuração” é a desigualdade de resultados. Os resultados na América Central,
no Afeganistão e em África não conduziram a neocolônias prósperas, nem se
provaram lucrativos para as empresas multinacionais americanas. Pelo contrário,
os golpes por procuração na América do Sul levaram a privatizações em grande
escala e lucros para essas empresas.
A guerra por procuração no Afeganistão levou
ao crescimento e à consolidação do “regime islâmico” Taliban, que se opôs tanto
à influência soviética como à expansão imperial dos EUA. O crescimento e
consolidação do nacionalismo islâmico desafiaram por sua vez os aliados dos EUA
no sul da Ásia e na região do Golfo e levaram depois a uma invasão militar
americana em 2001 e a uma guerra prolongada (15 anos) e ainda por concluir e, muito
provavelmente, a uma retirada e derrota. Os principais beneficiários econômicos
foram os clientes políticos do Afeganistão, os “empreiteiros” militares
mercenários americanos, os oficiais militares intermediários e os
administradores civis coloniais que pilharam centenas de milhares de milhões do
Tesouro dos EUA em transações ilegais e fraudulentas.
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