domingo, 20 de setembro de 2015

A INVASÃO IMPERIALISTA


A barbárie civilizada do capitalismo

Homar Garces

O escritor Português José Saramago, Prêmio Nobel da Literatura, previu: "A mudança do sul para norte é inevitável; não serão cercas, muros nem deportações: virão aos milhões. A Europa será conquistada pelos famintos. Estão vindo  buscar  o que os roubaram. Não há retorno para eles, porque procedem  de uma fome de séculos e estão rastreando o cheiro de ninharia. A distribuição  está se aproximando. As trombetas começaram a tocar. O ódio é servido e precisamos de políticos que saibam  estar   a alturas das circunstâncias. "

Os povos do Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria e Iêmen - vítimas desde 2001,  da ganância incomensurável das grandes corporações petrolíferas transnacionais que operam nos Estados Unidos e na Europa Ocidental - têm sido forçados a sofrer todos os tipos de dificuldades, graças à cruzada protagonizada  por esses países "civilizados" em sua luta sem limites ou data final contra o "terrorismo internacional", que tem apenas inimigos supostos ou potenciais aqueles  povos e regimes que não compartilham com sua crença de superioridade racial, religiosa e / ou cultural, nem aceitam  continuar submetidos a uma tirania global compartilhada, onde os Estados Unidos se sobressaem -  com o seu comando da OTAN - como a polícia maior. Isto sem incluir a ofensiva militar da Arábia Saudita ao Iêmen ou as dezenas de milhares de mortos e feridos causados ​​pelos bombardeios e ataques de Israel às áreas residenciais de Gaza e na Cisjordânia em seus esforços para limpar da face da terra o povo ancestral da Palestina, condenado a sofrer todos os tipos de

Como na Líbia, os  EUA e a OTAN, em parte, mudaram  o formato dos ataques aplicados  no restos das nações invadidas. Desta vez, a agressão contra a Líbia (ao contrário do Afeganistão e do Iraque) foi concentrada nos bombardeios e  no uso de mercenários e pró-ocidentais, os mesmos que dariam nascimento  ao grupo Al Qaeda, comandado por Osama Bin Laden, um ex-aluno da Agencia Central de  inteligência dos EUA (CIA) durante a Guerra Fria, o que, por sua vez, deriva do chamado Estado Islâmico (ISIS ou Dáesh). Além disso, deve-se mencionar que essa agressão neo-imperialista baseou-se em duas resoluções da ONU, de números de 1970 e 1973, emitidas pelo Conselho de Segurança, cujas  ações adquiriram  certa dose  de legitimidade no mundo, já que se tratava  de "proteger civis e áreas povoadas sob ameaça de ataques" pelas forças leais a Muammar Gaddafi. Isso serviu como base para fazer o mesmo na Síria. No entanto, nem os Estados Unidos nem a Europa Ocidental foram capazes de calcular as consequências das suas ações bélicas no Oriente Médio e África sub-saariana.

Ao produzir-se, abruptamente, a diminuição  das  suas condições materiais de vida, com a destruição sistemática de toda infra-estrutura existente até agora e, também,  sofrer o terrorismo e a instabilidade política em seus países, vendo  completamente transtornada a realidade  o sócio-política, socioeconómica e sócio-histórica na qual se desenvolveram em que toda a sua vida, muitos moradores optaram por migrar em massa para as novas nações responsáveis ​​pela sua condição, convertidos assim  em uma "onda de choque" de migrantes, aparentemente incontrolável, que hoje preocupa os governos europeus. Estes são os resíduos populacionais  que anteriormente constituíam o exército de reserva do  sistema capitalista avançado e periférico; e agora, com o risco de perder a vida, como aconteceu com muitos durante a a travessia  do Mar Mediterrâneo, incluindo as crianças que não excedem a idade de quase três anos, diante  da completa indiferença da ONU e da opinião pública mundial,  constituem a maior manifestação a qual  o sistema capitalista não contabiliza  como ativo a dignidade nem os  sonhos desfeitos dos demais  seres humanos; incluindo neles a destruição irracional de populações inteiras  e de ruínas de antigas civilizações, numa estratégia para acabar com qualquer sentimento de nacionalismo e / ou a propriedade daqueles que resistem à barbárie civilizada do capitalismo atual.

Fonte: http://revista-amauta.org/2015/09/la-barbarie-civilizada-del-capitalismo/

 Tradução e adaptação: Valdir Silveira

 

 

 

 

 

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