Morre no Rio, o historiador
Joel Rufino dos Santos
Especialista em cultura afro-brasileira,
o historiador e escritor
Joel Rufino dos Santos, morreu nesta sexta-feira, 4, aos 73 anos, na Clínica de
Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro, em decorrência de
complicações de uma cirurgia cardíaca a que havia sido submetido recentemente,
para a correção de uma válvula do coração.
Uma das maiores referências
na área da cultura afro-brasileira, o carioca de Cascadura, subúrbio da zona norte,
formado em História pela antiga Faculdade de Filosofia do Brasil, atual UFRJ,
mantinha um gosto especial pelos livros desde a tenra idade. Colunista da Revista Caros
Amigos entre os anos de 2010 e 2012, mantinha a coluna Amigos de Papel, onde
retratava sua interação com o mundo dos livros.
Para o diretor geral da
Caros Amigos, Wagner Nabuco de Araújo, a perda do historiador é irreparável.
“Ter o Joel como colunista da revista foi um privilégio. Além de ter uma
erudição e firmeza em seus princípios, era uma pessoa extremamente afável”,
ressalta.
Wagner recorda que Joel
Rufino foi o orientador pedagógico da coleção Negros, lançada pela editora, em
2008. “Ele deu a linha. Uma visão (contra hegemônica) que mostrou que os negros
construíram o Brasil.” O diretor lembra ainda que Joel deixou de publicar sua
coluna mensal na revista em função de problemas de saúde.
Recentemente ele evitou o
linchamento de um homem, em Copacabana, que estava sendo espancado por várias
pessoas sob o olhar de um policial armado que nada fazia para salvar a vítima.
“Mesmo doente, ele partiu pra cima da turba, e evitou a morte (do rapaz)”,
enfatiza vibrando.
Joel Rufino brilhou em tudo
que fez. Ao longo da carreira acadêmica, escreveu mais de 50 livros. Só de
prêmios Jabuti, o óscar da literatura, recebeu três. Mas não se limitou só a
publicar análises sobre a cultura africana, o historiador também se dedicou a
textos de dramaturgia. Deixou um legado de três peças teatrais e duas
minisséries para a TV.
Nos anos 1960, atuou ao lado
de Nelson Werneck Sodré na elaboração da obra História Nova do Brasil, um marco
na historiografia brasileira. Entrou na mira dos militares e teve de se exilar.
Viveu no Chile e na Bolívia. De volta ao Brasil, integrou a Ação Libertadora
Nacional (ALN), organização de combate à ditadura. Joel foi preso três vezes
pelos militares.
Companheiro Joel Rufino, Presente!
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