Não há como discordar: nas semanas recentes, a cada um dos movimentos de Moscou relacionados à crise na Síria, um depois do outro, quase se pode ouvir um "Xeque! Feito!" – o que deixa Washington e sua coorte de vassalos completamente desorientados, sem saber como reagir aos movimentos russos.
No centro da desorientação do 'ocidente', o que aparece aí, à frente de todos, são as espantosas, quase inacreditáveis mentiras e falsidades que se repetem sobre a Síria.
Essa semana, a porta-voz do ministério de Relações Exteriores da Rússia Maria Zahkarova desmontou a base de toda a argumentação do ocidente relacionada à Síria, com uma única proposta que, mais clara, impossível.
Zahkarova disse que, se Washington pretende continuar a insistir em que o presidente Bashar al-Assad da Síria deixe o governo, nesse caso, os EUA que providenciem para retirar sua assinatura do Comunicado Genebra 2012. E o mesmo ultimatum vale para Grã-Bretanha e França. Bingo! Xeque!
O Comunicado Genebra 2012, assinado há três anos por governos e também pela ONU, União Europeia e Liga Árabe, claramente dispõe que "o futuro político da Síria será determinado pelo próprio povo sírio".
Esse é documento oficial, que cria obrigações para todos os signatários, resultado de demoradas negociações entre Rússia, China e as potências ocidentais, e foi assinado em Genebra no verão de 2012 sob os auspícios do então secretário da ONU Annan. Na ocasião, Hillary Clinton ocupava a Secretaria de Estado dos EUA.
"Em lugar algum daquele documento fala-se ou menciona-se qualquer cláusula que determine que Assad da Síria teria de renunciar."
Aquele documento endossa um processo político de diálogo entre partidos políticos sírios, cujo resultado final terá, necessariamente, de ser decidido pelo povo sírio. E efetivamente, dois anos depois de o Comunicado ser assinado, o povo sírio votou; e, por larga maioria, reelegeu o presidente Assad para governar a Síria.
Pois atropelando a assinatura de sua própria secretaria de Estado... há quem ainda insista que "Assad tem de sair".
"Assad tem um papel na solução da crise síria" (Merkel)
Essa semana, a chanceler alemã Angela Merkel apareceu para demarcar 'um racha' nas fileiras do 'ocidente', ao dizer que Bashar al-Assad tem de ser parte das negociações políticas para resolver o conflito sírio.
Pois mesmo assim, Washington, Grã-Bretanha e França permanecem inabaláveis na insistência de que o presidente tem de renunciar. Em outras palavras, esses estados estão exigindo unilateralmente a 'mudança de regime', apesar de serem signatários do Comunicado de Genebra, que exclui qualquer tipo de golpe na Síria.
Com sua arrogância irracional típica, Washington e aliados se autoatribuem o direito de atropelar a decisão soberana da nação síria.
Semana passada, em Londres, o sucessor de Clinton, John Kerry repetiu que os EUA 'exigem' a saída do presidente Assad. – De fato, não é a "saída", mas aderrubada de governante eleito, o que só poderia acontecer por golpe.
Falando ao lado de seu contraparte britânico Philip Hammond, Kerry disse que está aberto a conversações com a Rússia sobre a crise síria, mas que permanece a exigência de Washington e Londres, de que Assad seja derrubado.
O New York Times ajudou a esclarecer melhor as intenções de Washington. O jornal noticiou que "Funcionários [dos EUA] indicaram que o maior objetivo é arrastar os russos para um processo político cuja meta é tirar do governo o presidente Bashar al-Assad, há muito tempo aliado do Kremlin."
Depois, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, pôs o dedo na ferida daquela mentira 'ocidental' sobre a Síria. Se Washington tanto insiste na derrubada de Assad, nesse caso, o governo dos EUA que renegue o Comunicado de Geneva. "Sem fazer isso" – disse Zakharova, "os EUA estão enganando todo mundo." Bingo! Xeque!
Esses eventos acontecem depois do movimento, no início da semana, em que a Rússia jogou todo o seu total e declarado apoio na defesa do governo Assad. Moscou entregou ajuda militar a Damasco, exatamente como determinam acordos bilaterais vigentes.
O presidente Vladimir Putin da Rússia explicou que o governo sírio é a principal força ofensiva na luta contra as redes terroristas que combatem contra o povo e o governo da Síria.
Quer dizer... Se Washington e seus aliados 'ocidentais' estivessem mesmo combatendo contra o terrorismo na Síria, então... não teriam qualquer objeção a, e até agradeceriam muito, que os russos apoiem o governo em Damasco. BINGO! Xeque!
Mais uma vez, o inteligente movimento dos russos deixa a nu, exposta, mais uma das falsidades 'ocidentais'.
Desde que Moscou aumentou o cacife do apoio militar que garante à Síria, Washington, Londres e Paris estão como peru bêbado, dando voltas em torno das próprias contradições. O 'ocidente' diz-se alarmado porque Moscou está "reforçando o regime Assad".
Mas se essas potências 'ocidentais' estão genuinamente empenhadas em "degradar e derrotar" o chamado 'Estado Islâmico' e outros grupos de jihadistas terroristas, por que, diabos, ficariam tão "alarmados" por a Rússia apoiar precisamente a principal força – o governo sírio – que há quatro anos resiste contra o terrorismo e os terroristas?
"Os EUA gradualmente começam a aceitar a posição da Rússia no caso sírio" – Lavrov
O ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov observou que a lógica 'ocidental' está "de cabeça para baixo". Também comentou que a coalizão "antiterror" do 'ocidente', que atualmente se dedica a bombardear Síria e Iraque, não parece estar agindo muito racionalmente, se se consideram os seus objetivos declarados. Depois de um ano de ataques aéreos coordenados pela Força Aérea dos EUA na Síria e no Iraque, os grupos terroristas estão mais fortes e mais armados do que jamais antes!
Claramente, a estratégia "antiterror" do 'ocidente é inefetiva. Tudo sugere que o objetivo real do 'ocidente' naquele conflito é combater contra o estado sírio, não contra algum grupo terrorista.
Batendo cabeça para tentar esconder essa lógica pervertida que já não engana ninguém, Washington, Londres e Paris agora dizem que temem que a intervenção militar russa na Síria "possa levar a uma escalada do conflito" ou a colisão contra a coalizão comandada pelos EUA.
John Kerry e seus contrapartes ocidentais já estão pendurados num oxímoro. Kerry diz que a "causa raiz" da crise dos refugiados que invadem a Europa é "o conflito na Síria". E, 'por isso'... seria ainda mais necessário "remover" o presidente Assad. Kerry nunca fez muito sentido, mas... até que ponto pode ir o sem-sentido?
A guerra que já se arrasta há quatro anos na Síria é obviamente o que está forçando tantas pessoas a deixar o país. Mas a "causa raiz" que Kerry só pensa em esconder, não em revelar, é a guerra clandestina, criminosa, para derrubar presidente legítimo, que Washington lançou contra a Síria, com a cumplicidade, no mesmo crime, de Grã-Bretanha, França, Turquia e das ditaduras do Golfo, Arábia Saudita e Qatar.
A guerra que os EUA fazem contra a Síria para 'mudança de regime' envolveu jogar contra a Síria milhares de terroristas mercenários armados. É a mesma velha estratégia dos EUA, repetida e requentada sempre em diferentes partes do mundo, já há décadas. Ucrânia e Iêmen são dois outros casos em andamento hoje, e úteis para estudos de caso, para conhecer como opera, sempre na clandestinidade, esse terrorismo de estado que Washington pratica.
Como demônio a soldo do 'ocidente', o 'noticiário jornalístico' ocidental ajuda a mascarar o que nunca passa de transparente criminalidade em todos os movimentos de Washington, dos seus ditos "aliados" e de seus fregueses.
Nunca é fácil decifrar as mentiras e ardis do 'ocidente'. Mas graças à lógica da política russa, vão-se desvelando afinal algumas dessas mentiras e ardis do 'ocidente' na Síria. Pode-se dizer em coro: "Xeque-mate!" *****
Texto: / Postado em 25/09/2015 ás 17:05 |
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