O filósofo e historiador Thomas Carlyle escreveu no século XIX que "a história do mundo não é nada maIs é que a biografia de grandes homens." Não me atreveria a dizer isso, porque eu gosto de pensar em mudança social como resultado de processos de distinta complexidade impulsionados pela ação coletiva. Ainda assim, não rechaço que alguns desses líderes ajudaram muito para moldar o cenário que enfrentamos hoje.
Ao dizer isso penso em dois personagens que morreram recentemente, os quais tem impulsionado mais mudanças na sociedade do que nós faríamos se nos dessem duas vidas a mais.De um lado, temos a "Dama de Ferro", a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, do Reino Unido. Onze anos no poder foram suficientes para tirar do pó a ideologia do livre mercado enterrada nos anos 30 e, junto com seu aliado Reagan, utilizar o tsunami o do neoliberalismo para inundar quase tudo e queimar os reticentes. Uma década foi o suficiente para duplicar a pobreza, desmantelar a força dos sindicatos na base de leis anti-sindicais e repressões sangrentas, e privatizar as grandes empresas públicas de telefone , água, eletricidade, e outras tantas. Desde então, o desejo privativista é um câncer entre nossos países, produzindo acessos diferenciados aos serviços que deveriam ser públicos, gerando grandes lacunas de desigualdades sociais. A baronesa Thatcher semeou apoderosa semente da destruição do Estado de bemestar social e fez questão de moldar as condições para a desregulamentação do mercado financeiro. Hoje conhecemos seus frutos na forma da crise galopante e sofrimento humano.
Do outro lado da moeda está o Comandante Hugo Chávez Frías, ex-presidente da Venezuela, por quase 14 anos consecutivos (com um intervalo de 48 horas durante um golpe de Estado orquestrado pela oposição e apoiado pelos EUA). Durante seu governo , foram criados mais de 40 mil conselhos comunitários onde a população participa ativa e democraticamente decidindo políticas que os afetam diretamente. Desde a renacionalização indústria do petróleo, dai o ódio dos EUA, a pobreza foi reduzida em 50% e ampliados vários direitos sociais e serviços públicos para a grande maioria da população. Chavez falou da Revolução Socialista do século XIX, discurso que é compartilhado por vários governos que hoje dirigem alguns países latino-americanos. Contágiou a união das forças do centro e do sul do continente americano contra a manipulação histórica dos EUA; e promoveu espaços de associação regionais, como a ALBA.
Com Thatcher e Chávez ocorreram profundas mudanças nas posições ideológicas dos partidos políticos em seus países. Margarita fez com que as políticas dos partidos britânicos convergissem na mesma dança neoliberal traçada por ela. O comandante influenciou a tal ponto que partido de oposição que agora chama a si mesmo de centro-esquerda, anuncia que irá continuar com as "missões", e promete aumentar os salários em 40%.
Citando novamente a Thomas Carlyle, "quando um carvalho é derrubado faz ecos na floresta inteira, mas uma centena de bolotas são semeadas em silêncio por uma brisa despercebida."
Fonte: Francesca Emanuele in rebelion.org
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