Declaração de
voto
Um governo não se faz apenas de
erros. Muito menos, somente de acertos. Um governo se faz pelo balanço de
iniciativas que deram certo com outras que falharam, pelo somatório dos efeitos
de projetos bem-sucedidos com outros que malograram.
Mas um governo se faz, acima de tudo,
pelo caminho a que esse balanço, a que esse somatório leva o País e o seu povo.
Para cima ou para baixo? Para frente ou para trás? Para a direita ou para a
esquerda?
Em Física essa avaliação é muito mais
fácil de fazer. Dadas as forças que atuam sobre o fenômeno estudado, cada qual
com sua direção, com seu sentido e com sua intensidade, um processo matemático
claro, preciso e infalível determina o que se chama de resultante - uma única
força, com direção, sentido e intensidade, que tem precisamente o mesmo efeito
que todas aquelas forças atuando conjuntamente: para cima ou para baixo, para
frente ou para trás, para a direita ou para a esquerda, com maior ou menor
ênfase, ou intensidade.
Calculada a resultante de uma
proposta de governo, cada qual de nós a aceita ou a repudia. Na segunda
hipótese, buscará composição de forças (políticas, sociais, culturais e
econômicas) que melhor atendam ao que lhe parece ser um modelo mais adequado de
Estado e de País. E vota de acordo com essa convicção.
Muitos votam movidos exclusivamente
por interesses escusos, pessoais, corporativos ou inconfessáveis
Na escolha de um governante não se
está cumprindo a eleição de um santo, mas de um ser humano, com tudo que lhe é
inerente - com idênticas qualidades e defeitos, aliás, que marcam os santos
antes de se santificarem.
Na escolha de um governante não se
vota apenas num nome e numa história pessoal, mas no jogo de princípios e
interesses de todo o grupo que acompanha e dá suporte ao candidato. Vota-se
naquilo que esse grupo já fez, hoje pensa e pretende fazer. É a tal da força
resultante na Física.
Ou queremos, por exemplo, um Estado
forte e democrático que controle os abusos internos e externos e proteja cada
cidadão (Justiça é um dos nomes desse processo) ou consideramos que tudo deve
ser entregue ao deus mercado, deixando às corporações empresariais (que adoram
governos que lhes repassam fortunas de dinheiro público) a "divisão do
bolo" e a promoção financeira e social dos mais bonitos, dos mais fortes,
dos mais saudáveis, dos mais inteligentes, dos mais eficientes, dos mais
produtivos, dos mais ricos - e cada qual dos demais, se quiser e tiver
iniciativa, que busque, por conta e risco próprios, as suas oportunidades.
Com meu irrestrito respeito por todas
as pessoas, amigas ou não, que defendem outras resultantes, quero deixar clara
a minha preferência, a minha escolha. Antes, devo dizer que não tenho filiação
partidária - nunca tive - e isto não se trata de virtude, mas de mera opção
pessoal que fiz há meio século
Não tenho filiação partidária mas
tenho filiação ideológica.
Preciso respeitar dezenas de milhões
de brasileiros que, neste século, deixaram de ser pobres ou miseráveis e
passaram a ter mais dignidade em suas vidas. Preciso considerar dezenas de
universidades federais e centenas de cursos técnicos implantados neste século
em todos os cantos do Brasil, o que leva milhões de jovens brasileiros, de
todas as classes sociais, a serem mais lúcidos e conscientes, a desenharem o
seu futuro e o futuro da Nação.
Por isso, como a melhor resultante
das forças que acompanham cada candidatura, voto em Dilma Rousseff para mais um
mandato na Presidência do Brasil.
Cultura com Dilma
Aproveito a oportunidade para
convidar cada pessoa que compartilha essa mesma aspiração por uma resultante
marcadamente social do processo eleitoral a comparecer ao ato de apoio da
Cultura de Santa Catarina à candidatura Dilma, a realizar-se em Florianópolis
nesta terça-feira, 23.09.2014, a partir das 19 horas, no Clube Novo Horizonte,
à Avenida Beira-Mar Norte nº 4900, ao lado da sede da OAB - Ordem dos Advogados
do Brasil.
--
Amilcar Neves é
escritor com oito livros de ficção publicados. A partir de 26.08.2013 integra o
Conselho Estadual de Cultura, na vaga destinada à Academia Catarinense de
Letras, onde ocupa a Cadeira nº 32.
Na verdade, o
Estado nunca esteve à altura do fazer de nosso povo, nos mais variados ramos da
grande árvore da criação simbólica brasileira. (...) A cultura brasileira não
pode ser pensada fora desse jogo, dessa dialética permanente entre a tradição e
a invenção, numa encruzilhada de matrizes milenares e informações e tecnologias
de ponta. ( Gilberto Gil)
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