As
campanhas pelos votos em branco e nulos não são novidade, visto que muitos
segmentos, inclusive de esquerda, equivocadamente já defendem essa triste e
malsinada tese. A quem servem estes votos – os nulos e os brancos – e quem está
por trás destas propostas?
É
o que tentaremos elucidar nestas poucas linhas. Antes é necessário algumas
digressões para que o leitor possa melhor compreender as maquinações golpistas
dos “ingênuos” defensores dos votos nulos e brancos. Já há 26 anos, segundo
matéria publicada no Correio de Notícias
de 03.10.88, “os defensores do voto nulo se definem como um grupo alternativo”.
A idéia do grupo está resumida na frase “nenhum partido, nenhum político vai resolver
porra nenhuma, (...) o governo é dispensável porque as pessoas nasceram para
comandar a si mesmas”. Coisa de anarquista burro!
Não
deixa de ser uma maçarocada danada, uma
confusão para doido nenhum botar defeito. Isso pira até maluco! Ora, pessoas da
Contra Marcha que estão afixando cartazes do voto nulo e pichando muros não são
“de todas as classes sociais”, como se autodefinem! São da classe média,
pequenos-burgueses e burguesinhos sim, que trazem a sua ideologia bem definida,
que estão pondo em prática aquilo que aprendem em casa nos papos com os seus
paizinhos golpistas, insatisfeitos com os sopros do vento democrático. Esses
ventos os deixam com calafrios porque só “curtem” o ar condicionado dos
privilegiados. Estão assustados, amedrontados e revoltados. Isso é um mau sinal
para o avanço democrático e para a defesa e manutenção das conquistas e avanços
conseguidos na nova Constituição! Foi no período governamental de João Goulart
que esses mesmos “grupos alternativos” – leia-se golpistas – perplexos com os
rumos mudancistas do governo, começaram a se articular, conspiraram e nos
empurraram a tal de “redentora”, através da Marcha da Família com Deus pela
Liberdade (deles, é claro!). Tivemos o Golpe de 31 de Março ou a mentira de 1º
de Abril de 1964. A grande avalanche de votos em branco e nulos, obviamente, teve componentes de repúdio e
protesto, mas também identificam o grau de alienação e despolitização do
eleitor brasileiro. Por outro lado, tanto o voto em branco, como o voto nulo
não ajudam qualitativamente a mudar as regras do jogo do poder. Muito pelo
contrário, os votos em branco e nulos ajudam a manter “status quo”. Esses votos
servem à ideologia das classes dominantes. As frases: “Vote nulo! Anule seu
voto! Não sustente parasitas!” têm o mesmo sentido do decalque que vimos afixado num carro: “faça um deputado
trabalhar, não o reeleja”. Essas frases não identificam senão a alienação e o
conservadorismo, aos quais se unem ao ceticismo dos despreparados para o
exercício político, que pode levar a ajudar os próceres do golpe. A filosofia
do ceticismo já foi sepultada na Grécia durante o período da decadência do
regime escravagista. No momento em que se prega ou se defende o voto branco e
nulo está se pensando da mesma maneira que o grego Pirron, fundador do ceticismo,
que viveu nos anos 360-277 A.C., defensor da tese de que o homem deveria
abster-se de todo o juízo concreto sobre as coisas, porque desconhecia o que
elas representavam e jamais poderia conhecer-lhes a natureza. Isto é, “as
coisas devem ficar como estão”. Os céticos foram derrotados pela dialética que
hoje serve de base aos países socialistas.
Foram os votos nulos e brancos que permitiram
a entrada de muitos parlamentares conservadores nas Assembleias Estaduais e no
Congresso Nacional. Para combater esse
estado de coisas, só a união e a unidade das forças progressistas podem trazer
clareza para o momento em que vivemos, para canalizar as aspirações do povo
brasileiro na perspectiva de que resistir
é preciso - evitando que a frustração domine e sejamos derrotados pela
ideologia do voto branco e nulo, sinônimos de retrocesso e “golpe”.
Assim
sendo os partidos que se dizem de esquerda e, infelizmente, o PCB, que pregam o
voto nulo, para não dizer que estão a serviço dos fascistas,; estão
equivocados.
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