segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A IDEOLOGIA DOS VOTOS BRANCO E NULO

 

 

As campanhas pelos votos em branco e nulos não são novidade, visto que muitos segmentos, inclusive de esquerda, equivocadamente já defendem essa triste e malsinada tese. A quem servem estes votos – os nulos e os brancos – e quem está por trás destas propostas?

É o que tentaremos elucidar nestas poucas linhas. Antes é necessário algumas digressões para que o leitor possa melhor compreender as maquinações golpistas dos “ingênuos” defensores dos votos nulos e brancos. Já há 26 anos, segundo matéria publicada no Correio de Notícias de 03.10.88, “os defensores do voto nulo se definem como um grupo alternativo”. A idéia do grupo está resumida na frase “nenhum partido, nenhum político vai resolver porra nenhuma, (...) o governo é dispensável porque as pessoas nasceram para comandar a si mesmas”. Coisa de anarquista burro!

Não deixa de ser uma maçarocada  danada, uma confusão para doido nenhum botar defeito. Isso pira até maluco! Ora, pessoas da Contra Marcha que estão afixando cartazes do voto nulo e pichando muros não são “de todas as classes sociais”, como se autodefinem! São da classe média, pequenos-burgueses e burguesinhos sim, que trazem a sua ideologia bem definida, que estão pondo em prática aquilo que aprendem em casa nos papos com os seus paizinhos golpistas, insatisfeitos com os sopros do vento democrático. Esses ventos os deixam com calafrios porque só “curtem” o ar condicionado dos privilegiados. Estão assustados, amedrontados e revoltados. Isso é um mau sinal para o avanço democrático e para a defesa e manutenção das conquistas e avanços conseguidos na nova Constituição! Foi no período governamental de João Goulart que esses mesmos “grupos alternativos” – leia-se golpistas – perplexos com os rumos mudancistas do governo, começaram a se articular, conspiraram e nos empurraram a tal de “redentora”, através da Marcha da Família com Deus pela Liberdade (deles, é claro!). Tivemos o Golpe de 31 de Março ou a mentira de 1º de Abril de 1964. A grande avalanche de votos em branco e nulos,  obviamente, teve componentes de repúdio e protesto, mas também identificam o grau de alienação e despolitização do eleitor brasileiro. Por outro lado, tanto o voto em branco, como o voto nulo não ajudam qualitativamente a mudar as regras do jogo do poder. Muito pelo contrário, os votos em branco e nulos ajudam a manter “status quo”. Esses votos servem à ideologia das classes dominantes. As frases: “Vote nulo! Anule seu voto! Não sustente parasitas!” têm o mesmo sentido do decalque que vimos  afixado num carro: “faça um deputado trabalhar, não o reeleja”. Essas frases não identificam senão a alienação e o conservadorismo, aos quais se unem ao ceticismo dos despreparados para o exercício político, que pode levar a ajudar os próceres do golpe. A filosofia do ceticismo já foi sepultada na Grécia durante o período da decadência do regime escravagista. No momento em que se prega ou se defende o voto branco e nulo está se pensando da mesma maneira que o grego Pirron, fundador do ceticismo, que viveu nos anos 360-277 A.C., defensor da tese de que o homem deveria abster-se de todo o juízo concreto sobre as coisas, porque desconhecia o que elas representavam e jamais poderia conhecer-lhes a natureza. Isto é, “as coisas devem ficar como estão”. Os céticos foram derrotados pela dialética que hoje serve de base aos países socialistas.

   Foram os votos nulos e brancos que permitiram a entrada de muitos parlamentares conservadores nas Assembleias Estaduais e no Congresso Nacional.  Para combater esse estado de coisas, só a união e a unidade das forças progressistas podem trazer clareza para o momento em que vivemos, para canalizar as aspirações do povo brasileiro na perspectiva de que resistir é preciso - evitando que a frustração domine e sejamos derrotados pela ideologia do voto branco e nulo, sinônimos de retrocesso e “golpe”.

Assim sendo os partidos que se dizem de esquerda e, infelizmente, o PCB, que pregam o voto nulo, para não dizer que estão a serviço dos fascistas,; estão equivocados.

 

 

 

                                                                                                                         

 

 

 

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