Juan Manuel Karg -Rebelion.org
É certo que devemos ser cautelosos em relação a evolução das
pesquisas no Brasil, por causa do que aconteceu no primeiro turno, também é conveniente examinar com cuidado o que dizem esses números, para que possamos analisar o
que está acontecendo na reta final da campanha . Assim, sob um cenário de
"empate técnico" apresentado
pela Datafolha em sua última medição
-situando Aécio 51% e Dilma 49%, mas com
um empate técnico de 2%, há um dado que
não pode passar despercebido: a rejeição
do candidato do PSDB cresceu de 34% para 38%, após a decisão do PT de confrontar
abertamente sua candidatura.
Há um outro elemento
para marcar e, assim, entender melhor o que esses números significam: este
crescimento da rejeição aparece após o apoio de Marina Silva, algo que, imaginavam os assessores do candidato 'Tucano',
deveria ter significado um "decolar" nas pesquisas. O que aconteceu
entre os dois? A campanha do PT concentrou seus últimos programas de TV e de rádio para mostrar a política econômica
do PSDB no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso -remarcando aumento
do desemprego e da ausência de políticas sociais. Também decidiu confrontar um
argumento Aécio, que afirma ter deixado o governo de Minas Gerais com 92% de
aceitação: "Como, com esses números, o PSDB não ganhou a eleição , onde venceu
Fernando Pimentel do PT". Ambos elementos- a crítica das políticas
econômicas de Fernando Henrique Cardoso e do PSDB em Minas, são fatores importantes
na reta final da campanha para a eleição.
Além disso, Aécio também recebeu o apoio do
Clube Militar , que busca acabar com a Comissão da Verdade criada no governo da
presidente Dilma. Numa carta aberta, os oficiais da reserva dizem que Aécio é a
"esperança real de por fim a era PT ", e assim virar uma "página
negra" na história do país, tal como descrevem as administrações de Lula e Dilma ao longo dos últimos 12 anos.
Esta rara combinação de apoios simultâneos à Aécio, tanto do centro -Marina- como à direita – Clube Militar -, também podem
adicionar um elemento de confusão entre os potenciais eleitores de Aécio. Por
exemplo: poderia, alguém que alardeou um voto por "novas políticas" no primeiro turno
compartilhar opção de votos com um grupo
de oficiais que procuram acabar com a investigação do que aconteceu na ditadura
brasileira? Parece difícil conciliar ambas opções , algo que o comando da campanha
Aécio começa a visualizar.
Na pré-primeiro
turno, o "fator Lula" foi fundamental para consolidar Dilma, em
primeiro lugar, com quase oito milhões de votos à frente. Lula, também pode ser
o fator chave levando em consideração os atos massivos que o ex-presidente brasileiro
fez no norte e nordeste do país, buscando consolidar ali os grandes votações que o PT obteve no dia 5 de outubro, quando
obteve uma média de quase 60% nos estados ".
A vantagem de Dilma é
que, quando esteve em São Paulo, Lula se
deslocou para o norte do país. Assim, conseguiram influenciar em ambos os lugares,
complementando-se. Aécio deve ocupar
ambos os perfis – imprensa e atos públicos,
agindo sozinho, já que Fernando Henrique Cardoso, pela forma como concluiu o
governo desgastado, mas também por causa de sua idade, não pode assumir o papel
que ocupa o ex metalúrgico Luiz Inácio
Lula da Silva.
A semana que começa,
com mais dois debates televisivos, será de definições, não só para o Brasil,
mas para toda a América Latina. Em sete dias estará em jogo, frente a frente,
duas opções para dirigir os destinos do gigante latino-americano. A crescente
rejeição à Aécio segundo a última pesquisa
Datafolha mostra que a maioria da sociedade brasileira não está disposta a
comprometer os ganhos políticos, sociais e econômicos conquistados nos últimos
12 anos.
Fonte: rebelion.org
Tradução e adaptação:Valdir Silveira
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