AMERICA
LATINA, CHINA E EUA
Nil Nikandrov
Fundo Estratégico Cultura /
CEPRID
A guerra de propaganda
desencadeada pelos EUA contra a China atingiu níveis sem precedentes na América
Latina. Os americanos estão usando todos os meios ao seu dispor para tal
finalidade, incluindo centenas de canais de televisão, rádio e milhares de
filmes que falam sobre a "ameaça chinesa". Jornalistas são
regularmente utilizados como fantoches para circular falsidades habilmente
preparadas. Com grande alarde os "ecologistas" dizem que estão
preocupados com os planos para a construção do Canal da Nicarágua e com o
projeto conjunto Venezuela-China para a mineração de ouro no Parque Nacional de
Venezuela. Uma rápida olhada é suficiente para identificar a origem dessas
informações que circulam no Hemisfério Ocidental desde o México até o Chile.
O Canal da Nicarágua é um bom exemplo do sucesso alcançado por Pequim enquanto implementa sua estratégia latino-americana. A
nova hidrovia é realmente importante para o transporte de recursos minerais e
petróleo venezuelano da América Central e do Sul. Os EUA lançaram uma campanha para bloquear o projeto. Empresário
chinês, Wang Jing que dirige o projeto do
Grande Canal Interoceânico da Nicarágua
é apontado como um arrivista incompetente. Estão espalhando rumores
dizendo que o canal está fadado ao fracasso porque não tem um estudo de
viabilidade econômica. Apesar disso, a construção começou em dezembro de 2014. Os
Estados Unidos responderam lançando uma operação para sabotar o projeto. Especialistas
acreditam que as atividades que visam minar a construção da hidrovia será
intensificada em 2016, ano de eleições na Nicarágua. Washington é contra Daniel
Ortega e os sandinistas. Podemos estar cem por cento certos de que haverá outra
tentativa de revolução colorida na América Latina.
Washington vê a crescente
presença da China na região como um desafio geopolítico grave, uma ameaça à sua
segurança nacional. O presidente Obama fala constantemente sobre o suposto de
excepcionalismo americano, mas todas as tentativas dos EUA para reformular o
mapa global terminaram em derramamento de sangue, cidades devastadas e a
destruição de estados com culturas
antigas. A América Latina percebe os Estados Unidos como um império, uma força
hostil, egoísta e amoral só pode ser combatido através do reforço do processo
de integração regional e desenvolvimento da capacidade militar. É por isso que
a América Latina promove relacionamentos com outros centros de poder no mundo.
Pequim avaliou a situação corretamente.
A América Latina está se
distanciando os EUA. Os políticos contemporâneos chineses são pragmáticos; conhecem
bem o continente e, em particular, as características da situação latino-americana.
Washington não pode oferecer nada em troca para equilibrar a perspectiva
promissora de cooperação com a China. Em 2000-2013 o comércio entre a América
Latina e a China aumentou seu volume de 22 vezes. Isso fez da China o maior
parceiro comercial no continente. A China já é o maior parceiro comercial do
Brasil, Argentina, Venezuela e Peru. Em 2014 o comércio com cada um destes
países excedeu o comércio bilateral com os EUA. Os bancos chineses aumentaram
os seus investimentos na região em 70% num contexto de saída de capitais dos
EUA. Não é por acaso que muitos países latino-americanos consideram a China como um parceiro
privilegiado. A China adere aos princípios da igualdade e benefício mútuo, com
o objetivo de facilitar o
desenvolvimento econômico de países latino-americanos.
A primeira reunião
ministerial do Fórum de China e da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e
do Caribe (CELAC) foi realizada em Pequim em 9 de Janeiro de 2015. A maioria
dos países latino-americanos participou do evento. O tema central da
Conferência se intitulou "A nova plataforma, o novo ponto de partida,
novas oportunidades e esforços conjuntos para promover a parceria global de
cooperação na China, na América Latina e no Caribe. O governo chinês vai
investir 250 bilhões na América Latina e no Caribe nos próximos dez anos,
particularmente em projetos de mineração e construção de infra- estruturas como portos,
ferrovias, estradas e aeroportos. O volume de comércio bilateral entre a China
e os países da região poderá atingir cerca de $ 500,00 bilhões em 2025. Dezenas
de cooperação bilateral em eletrônica, telecomunicações, biotecnologia e
pesquisa espacial, foram assinados durante a estadia dos líderes da CELAC na
China. Pequim vai partilhar a sua experiência no desenvolvimento de tecnologias
e conseguir avanços em estudos científicos. O Forum de Beijing elaborou um plano de cooperação de cinco anos.
Sua declaração final foi assinada por 33 ministros das Relações Exteriores dos
Estados membros da CELAC. A próxima reunião será realizada no Chile em 2018, a
fim de analisar os resultados da cooperação entre o país asiático e os países
da América Latina e do Caribe.
China tem vindo a cooperar
com a América Latina no domínio da investigação espacial por muitos anos. A
estatal China Grande Muralha Indústria Corporation e o governo da Venezuela
assinaram recentemente um acordo para a
construção e lançamento de um terceiro satélite artificial da Venezuela. Ele
será usado para a coleta de informações. Este ano será inaugurado o Centro para
o Desenvolvimento da Pesquisa Espacial de Puerto Cabello, em cujos laboratórios
serão concebidos, montados, integrados e serão certificados satélites de aplicações em
órbitas baixas. O peso de cada satélite não será superior a uma tonelada.
A China também participa do
esforço da América Latina para fortalecer a capacidade de defesa. Especialistas
chineses colaboram na Venezuela para construir drones para monitorar a região
amazônica. Navios costeiros chineses e aviões de treinamento estão em alta
demanda. A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner visitou
recentemente a China e assinou um acordo de cooperação para a construção de um
quebra-gelo, rebocadores navais, hospitais flutuantes e novos navios de guerra
da Marinha Argentina. Fonte: rebelion.org
Tradução e adaptação: Valdir
Silveira
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