O jornalista Rogerio Waldrigues Galindo publicou hoje - Domingo 21/06/2015- no Caderno Vida Pública/Gazeta do Povo, o artigo 5 modos como eles roubam seu dinheiro. Galindo fala sobre: Retenção de Salários, Compra/Venda de Votos, Funcionários Fantasmas, Fraude em Licitações e Caixa Dois. Esqueceu (?) a maior sacanagem, leia-se ROUBO, A SONEGAÇÃO. Por que? Porque a sonegação é praticada justamente PELA TURMA QUE COMBATE E PEDE IMPEACHMENT DE DILMA: a mídia, os médios e grandes empresários, os banqueiros - os maiores sonegadores, todos acobertados pelo PSDB, DEM, et caterva, ondem estão Néscio Neves, Aloysio Nunes, Caiado, Agripino e outras raposas mais.
Abaixo publico texto esclarecedor.
CartaCapital - Economia - Sonegação de impostos é sete vezes maior que
a corrupção
por Carlos Drummond — publicado 30/03/2015
Deixa-se de
recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos no País, ao passo que
o custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores de 2013, corresponde a
67 bilhões anuais
Sonegação: No País
que é vice em sonegação, só a corrupção interessa
Nenhum assunto rivaliza com
as notícias sobre corrupção na cobertura e no destaque dados pela mídia, um
sinal da importância devidamente atribuída ao problema pelos cidadãos. Males de
proporções maiores, porém, continuam na sombra. A sonegação de impostos, por
exemplo, tem sete vezes o tamanho da corrupção, mas recebe atenção mínima da
sociedade e do noticiário.
Deixa-se de
recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos no País, calcula o
presidente do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, Heráclio
Camargo. O custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores de 2013,
corresponde a 67 bilhões anuais, informa José Ricardo Roriz Coelho,
diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo, com base em cálculos recentes.
Para alertar a sociedade da
importância de se combater a sonegação, Camargo, inaugurou na quarta-feira 18,
em Brasília, um sonegômetro e uma instalação denominada lavanderia Brasil. Na
inauguração, o medidor mostrava um total sonegado de 105 bilhões desde janeiro,
dos quais 80 bilhões escoados por meio de operações de lavagem ou manipulação
de recursos de origem ilegal para retornarem à economia formal com aparência
lícita.
Em um exemplo citado pelo
Sindicato, um comerciante simula a compra de 50 milhões de litros de
combustível, adquire só 10 milhões de litros físicos e obtém, mediante
pagamento, notas fiscais falsas no valor de 40 milhões. Ele negociou de fato só
aqueles 10 milhões, mas trouxe para a economia formal os 40 milhões de origem
ilícita por meio desse mecanismo de lavagem, sem recolher os impostos devidos.
Tanto a parcela superfaturada, os recursos de propinas, tráfico de drogas, de
armas e de pessoas, contrabando, falsificações, corrupção e renda sonegada
precisam retornar à economia com aparência de origem lícita, para as atividades
criminosas prosseguirem.
A livre atuação no Brasil
das empresas off shores, ou registradas em paraísos fiscais, agrava a
sonegação. Há laços fortes do País com esses redutos de burla dos fiscos dos
estados nacionais, na prática nossos grandes parceiros comerciais. A principal
razão é o tratamento preferencial dado ao capital externo, subtaxado quando da
sua remessa de lucros ao exterior, afirma-se no site Tax Justice Network.
“Todos os países que não
taxam ganhos de capital, ou o fazem com base em alíquota inferior a 20% são
considerados paraísos fiscais no Brasil. Ironicamente, esse país tem diversas
situações de ganhos de capital taxados em menos de 20%.” Não é bem assim,
explica a Receita Federal. “A definição de paraíso fiscal na legislação
brasileira não leva em conta apenas a tributação de ganhos de capital, mas sim
a tributação da renda. A tributação da renda das pessoas físicas é de 27,5% e
das pessoas jurídicas é de 25% de imposto de renda, mais 9% de Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido.” Mas a taxação de ganhos de capital, “em regra de
15%”, é baixa em termos mundiais e o trânsito do dinheiro é facilitado pela
parceria comercial com os paraísos fiscais.
Pessoas físicas recorrem
também aos paraísos fiscais para não pagar impostos sobre os seus ganhos,
lícitos ou não. No caso das 8.667 contas de brasileiros descobertas no HSBC da
Suíça (4.º maior número de correntistas no mundo), Camargo vê “com certeza indícios
de conexão com paraíso fiscal, porque essas contas eram secretas, só vazaram
porque um ex-funcionário do HSBC divulgou a sua existência. Há indícios a serem
investigados pelas autoridades brasileiras, de evasão de divisas e crime de
sonegação fiscal.”
Os impostos mais sonegados
são o INSS, o ICMS, o imposto de renda e as contribuições sociais pagas com
base nas declarações das empresas. Os impostos indiretos, embutidos nos
produtos e serviços, e o Imposto de Renda retido na fonte, incidentes sobre as
pessoas físicas, são impossíveis de sonegar. A pessoa jurídica cobra os
tributos, mas algumas vezes não os repassa ao governo.
A sonegação acompanha a
concentração de renda. Os processos envolvem 3,54 milhões de devedores, mas os
chamados grandes devedores são apenas 18.728. Para dar conta dos 7,48 milhões
de processos em tramitação, há só 2.072 procuradores, auxiliados por 1.518
servidores, menos de dois por procurador. O sindicato reivindica o
preenchimento urgente dos 328 cargos vagos de procurador da Fazenda Nacional
abertos.
Quem tem mais, deve pagar
mais, estabelece a Constituição, em um preceito tão desobedecido quanto o do
Imposto sobre Grandes Fortunas, à espera de regulamentação. Nesse assunto, o
Brasil está na contramão. A partir de 2012, com a piora da economia e da
arrecadação, países europeus que haviam concedido desonerações tributárias e
cortado gastos, voltaram a aumentar o imposto de renda nas alíquotas mais altas
e elevaram os impostos sobre propriedade, diz a professora Lena Lavinas, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
“Aqui, não conseguimos fazer
isso porque o IPTU não é arrecadado pela União, mas pelos municípios, então
você não mexe na propriedade. Impostos que tratam da concentração da renda, do
patrimônio, deveriam estar nas mãos da União. A reforma tributária, segundo
algumas visões do Direito, é tratada como uma questão de simplificação. Não é o
caso, muito pelo contrário, tem que complexificar mais, dentro de uma estrutura
adequada em termos de progressividade, de taxar realmente o patrimônio, os
ativos, essa coisa toda.”
A estrutura do nosso sistema
tributário, diz a professora, “é uma tragédia, regressiva, picada, os impostos
não vão para as mãos que deveriam ir. Por que não se consegue repensar o IVA, o
ICMS? Porque são dos estados. Impostos e medidas que poderiam favorecer uma
progressividade, não se consegue adotar, por conta do nosso caráter
federativo.”
A sonegação é uma
possibilidade aberta para as empresas pela estrutura tributária, conforme
mencionado acima, e quando pegas, são beneficiadas pela discrição das
autoridades. Também nesse quesito, o Brasil segue na contramão. Nos Estados
Unidos, por exemplo, os próprios políticos tratam de alardear os nomes das
empresas flagradas em irregularidades.
Por que o Brasil, não
dá publicidade aos nomes dos grandes sonegadores, o que possivelmente
contribuiria para desestimular o não recolhimento de tributos e impostos?
Segundo Camargo, há divulgação, mas ela não é satisfatória. “Existe um sítio na
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional que enseja a consulta dos CNPJs ou CFPs
dos devedores, mas sem informar quais são os valores devidos. Não temos uma
cultura de transparência no Brasil. Essas restrições são inaceitáveis e nós
devemos caminhar para uma maior transparência, com a divulgação dos nomes e
respectivos valores devidos.Obs: grifos meus.
ESTÃO DESVIANDO O GRANDE FOCO PARA PROTEGER SONEGADORES.
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