OS EUA E O
MÉDIO ORIENTE (V)
A
expansão do império americano através do norte de África e Médio Oriente foi montada
com o armamento e financiamento de estados-vassalos para servirem de postos
avançados. O arco de bases militares imperiais americanas que se estende do
Egipto, através de Israel, da Turquia, da Jordânia, do Iémen, do Iraque, do
Bahrain e da Arábia Saudita, está protegido por uma série de campos prisionais
contendo dezenas de milhares de prisioneiros políticos.(James Petras)
Iémen:
satélite do grupo EUA-Arábia Saudita
O Iémen
foi governado durante décadas por ditadores clientes dos EUA e Arábia Saudita.
O governo autocrático de Ali Abdullah Saleh,
foi responsável pela prisão e
tortura de milhares de ativistas pró-democracia, tanto seculares como
religiosos, do mesmo modo que serviu de centro clandestino de tortura para
dissidentes políticos raptados e transportados pela CIA no seu chamado programa
de “rendição”. Em 2011, apesar da prolongada e violenta repressão pelo regime
de Saleh apoiado pelos EUA, explodiu uma rebelião de massas ameaçando a
existência do Estado e as ligações aos regimes americano e saudita. Para
preservarem o seu domínio e as ligações aos militares, Washington e a Arábia
Saudita orquestraram um “rearranjo” do regime: fizeram-se eleições manipuladas
e tomou o poder Abdo Rabbo Mansour Hadi,
leal amigo de Saleh e criado de Washington. Hadi continuou onde Saleh tinha parado:
raptos, tortura e assassínio de contestantes pró-democracia. Washington optou
por chamar ao regime de Hadi “uma transição para a democracia”. De acordo com o
Yemen Times (4/5/14), mais de 3.000 presos políticos enchem as prisões do
Iémen. “Democracia de cárcere” serve para consolidar a presença militar
americana na península da Arábia.
O Iémen é
um dispendioso posto avançado militar para o despotismo saudita e para o poder
americano na península das Arábia. Segundo o estudo “Iémen: Bases e Relações
com os EUA” de Jeremy Sharp para o Serviço de Investigação do Congresso (2014),
os EUA forneceram 1,3 bilhões de dólares de ajuda militar ao Iémen entre
2009-2014. A Arábia Saudita doou 3,2 bilhões de dólares em 2012 para apoiar a
ditadura de Saleh perante um levantamento anti-ditatorial popular de massas.
Washington maquinou uma transferência de poder de Saleh para o “Presidente”
Hadi e assegurou a sua continuidade duplicando a ajuda militar para manter as
prisões cheias e a resistência em cheque. De acordo com o New York Times
(31/6/2013), Hadi era um “continuador do ditador Saleh”. A continuidade da
democracia de cárcere no Iémen é uma ligação crucial entre o eixo
Egipto-Israel-Jordânia e o super-guantánamo* imperial Bahrain-Arábia Saudita.
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