sábado, 30 de agosto de 2014

OS EUA E O MÉDIO ORIENTE (5)


OS EUA E O MÉDIO ORIENTE (V)


A expansão do império americano através do norte de África e Médio Oriente foi montada com o armamento e financiamento de estados-vassalos para servirem de postos avançados. O arco de bases militares imperiais americanas que se estende do Egipto, através de Israel, da Turquia, da Jordânia, do Iémen, do Iraque, do Bahrain e da Arábia Saudita, está protegido por uma série de campos prisionais contendo dezenas de milhares de prisioneiros políticos.(James Petras)

Iémen: satélite do grupo EUA-Arábia Saudita

O Iémen foi governado durante décadas por ditadores clientes dos EUA e Arábia Saudita. O governo autocrático de Ali Abdullah Saleh,  foi responsável  pela prisão e tortura de milhares de ativistas pró-democracia, tanto seculares como religiosos, do mesmo modo que serviu de centro clandestino de tortura para dissidentes políticos raptados e transportados pela CIA no seu chamado programa de “rendição”. Em 2011, apesar da prolongada e violenta repressão pelo regime de Saleh apoiado pelos EUA, explodiu uma rebelião de massas ameaçando a existência do Estado e as ligações aos regimes americano e saudita. Para preservarem o seu domínio e as ligações aos militares, Washington e a Arábia Saudita orquestraram um “rearranjo” do regime: fizeram-se eleições manipuladas e tomou o poder  Abdo Rabbo Mansour Hadi, leal amigo de Saleh e criado de Washington. Hadi continuou onde Saleh tinha parado: raptos, tortura e assassínio de contestantes pró-democracia. Washington optou por chamar ao regime de Hadi “uma transição para a democracia”. De acordo com o Yemen Times (4/5/14), mais de 3.000 presos políticos enchem as prisões do Iémen. “Democracia de cárcere” serve para consolidar a presença militar americana na península da Arábia.

O Iémen é um dispendioso posto avançado militar para o despotismo saudita e para o poder americano na península das Arábia. Segundo o estudo “Iémen: Bases e Relações com os EUA” de Jeremy Sharp para o Serviço de Investigação do Congresso (2014), os EUA forneceram 1,3 bilhões de dólares de ajuda militar ao Iémen entre 2009-2014. A Arábia Saudita doou 3,2 bilhões de dólares em 2012 para apoiar a ditadura de Saleh perante um levantamento anti-ditatorial popular de massas. Washington maquinou uma transferência de poder de Saleh para o “Presidente” Hadi e assegurou a sua continuidade duplicando a ajuda militar para manter as prisões cheias e a resistência em cheque. De acordo com o New York Times (31/6/2013), Hadi era um “continuador do ditador Saleh”. A continuidade da democracia de cárcere no Iémen é uma ligação crucial entre o eixo Egipto-Israel-Jordânia e o super-guantánamo* imperial Bahrain-Arábia Saudita.

 

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