PSB: entre cobras e lagartos, do fundamentalismo ao
agronegócio.
Em
um segundo, entre a vida e a morte surge a mudança nos caminhos quase definidos
da eleição presidencial brasileira. Em um segundo Eduardo Campos sai da vida em
um trágico acidente que toma de comoção a nação brasileira e coloca no
tabuleiro a nova rainha que dormia marsupialmente no ventre do PSB.
A
reviravolta em um primeiro momento produz urros de satisfação nos conservadores
do PSDB que quase em êxtase misturavam a satisfação de obterem de antemão o
segundo turno enquanto não se apagavam as velas do funeral de Eduardo e
comemoravam o novo quadro político.
Programas
como os dos urubus do Manhattan Connection sorriam pelo novo quadro político e
sussurravam em “off” nas redações dos jornalões a satisfação do “é agora ou
nunca”. Com Eduardo era uma coisa, pois elevado do mesmo campo de lutas na
tradição de governar para a maioria, como fez em Pernambuco como o governador
melhor avaliado do Brasil, a disputa era ideológica e o debate era de ideias,
sendo o caminho o mesmo e com a mesma direção.
E agora?
Marina
quando fala na candidatura a que foi conduzida não fala “nós do PSB”, quando a
crise bate em sua porta nos novos rumos da campanha do PSB fala em “eles do
PSB”. Quando os coordenadores e veteranos dirigentes do PSB saem atirando
cobras e lagartos a seu respeito e dizendo que: “ela que vá mandar em sua
REDE”, pois no PSB mandamos nós, é de perguntarmos a essa coligação que com uma
nova candidata sai às ruas para unificar o Brasil em uma proposta de união
nacional para o desenvolvimento, que união quer passar aos brasileiros se o PSB
é apenas o hospedeiro de uma proposta que não é sua?
Aliás,
entre cobras e lagartos pregará um socialismo de apoio ao agronegócio através
de seu novo vice sabidamente um socialista que defende a monocultura com
“sustentabilidade”? Com a Monsanto, Cargill, Bunge e outras multinacionais do
setor?
Ou
melhor, marcharemos todos juntos em uma nova “Marcha da Família com Deus pela
liberdade”? Convocaremos a todos aqueles brasileiros que acreditam no
socialismo a nos converter ao fundamentalismo evangélico e aceitar pastores
homofóbicos nos Direitos Humanos em nome da tradição e religião ou pediremos um
Estado teocrático?
Ainda
temos tempo de reflexão. A morte de Eduardo que comandava politicamente esta
aliança, nos trará claramente a nova realidade depois da comoção de sua morte;
o eixo da esquerda brasileira não se dá por um caminho entre cobras e lagartos,
nem tampouco no apoio aos amigos dos privilégios do agronegócio, da
meritocracia nem do fundamentalismo religioso.
Ainda
temos tempo de caminharmos juntos contra as elites.
João
Vicente Goulart
Diretor
Instituto Presidente João Goulart
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