terça-feira, 27 de novembro de 2012

UMA REFLEXÃO PARA APRECIAÇÃO



AS FANTASIAS DA INTELECTUALIDADE “DE ESQUERDA


Alguns intelectuais ditos e conhecidos como esquerdistas, continuam mordidos pela “doença infantil do esquerdismo” tão bem analisada por Lênin. Ficam se masturbando com longas dissertações de mestrado e teses de doutorado, com infindáveis citações bibliográficas que cansam até acadêmicos, imaginem um trabalhador que volta, para casa, à noite cansado da jornada de trabalho? Afinal para que e para quem escrevem? Rapidamente respondo: escrevem para academia, numa catarse de igrejinhas, para ganharem créditos na academia e aumentarem seu soldo. É isso, nada mais que isso!
Fazem “críticas” à Lula e Dilma, mas não apresentam um projeto de mudança concreta. As críticas desses intelectuais equivocados – será?- são idênticas as que fazem a direitona do DEM, PSDB, PSOL, PSTU e PMDB, principalmente, e outras agremiações menores a serviço do capital nacional e internacional.

A China, o Vietnam e agora Cuba com seus delineamentos, estão dando exemplo ao mundo, principalmente China e Vietnam de que não podemos ficar imitando modelos, no caso o antigo modelo russo, porque não dá certo. São realidades diferenciadas em todos os aspectos: geográficas, culturais, étnicas, etc., que configuram variados caminhos. Um exemplo é emblemático: comunistas versus igrejas. Quando se fez a revolução de 1917, na Rússia, a revolução comunista fechou todas as igrejas. Por que ? Porque lá, na Rússia, a igreja estava totalmente atrelada ao governo, aos czares; a igreja fazia parte do estamento governamental, a igreja era o governo, portanto tinha de ser eliminada. O que fizeram os comunistas, principalmente na América Latina? Imitaram, copiaram o modelo soviético e se incompatibilizaram com aqueles que queriam conquistar: o povo, os operários brasileiros que são, na sua grande maioria, religiosos; principalmente católicos. Nos isolamos do povo porque quisemos transportar para o nosso país uma  realidade de outro país. Aqui na América Latina diversos religiosos, padres, freiras e pastores se engajaram na luta de libertação, foram presos, torturados e assassinados; na Rússia isso não aconteceu! Na China e Vietnam 80% da população são budistas num regime comunista.

Fizemos uma breve apreciação para sustentar a tese de que os acadêmicos estão querendo curar a febre quebrando o termômetro. Nesse país cheio de contradições; uma colcha de retalhos que vem sendo remendada desde 1500; pensar numa revolução da noite para dia, em quebrar estruturas arcaicas, num passe de mágica, só pode ser “idéia de intelectual desocupado” como diria Joãozinho Trinta. Vejam que a reforma agrária está paralisada há anos! O Estatuto da Terra tido como a melhor lei agrária do mundo, feito em 1964, até hoje não saiu do papel e creio que a grande maioria dos atuais parlamentares nem sabe da sua existência. A questão do Código Florestal onde as forças conservadoras, a turma da moto serra impôs derrotas ao governo que não dispõem de forças de apoio. Jango, João Goulart foi golpeado e derrubado porque defendia as Reformas de Base, que previam a realização de importantes mudanças: reforma agrária, reforma tributária, reforma administrativa, bancária e educacional. Jango defendia também a extensão dos direitos trabalhistas aos trabalhadores rurais, a nacionalização de empresas estrangeiras e a aplicação da Lei de Remessa de Lucros (que deveria diminuir a "fuga" de divisas para o exterior, sob a forma de lucros auferidos por empresas estrangeiros no         Brasil).

O Programa de reformas do presidente Goulart acentuou a radicalização política, crescente desde 1961. A mobilização era intensa, tanto dos partidários de João Goulart como o de seus opositores. O governo tinha apoio dos sindicatos, da Confederação dos Trabalhadores (CGT), da UNE, do PTB, dos socialistas   e            comunistas.
Por outro lado, organizavam-se também os grupos que condenavam as Reformas de Base: empresários, fazendeiros, militares e setores da classe média. No Congresso, o presidente encontrava forte oposição da UDN e do PSD. A resistência ao governo era apoiada pelos Estados Unidos, cujos interesses poderiam ser prejudicados pela          política reformista de Jango.

Vejam que estou me referindo as reformas, não revolução, no período de Jango, governo não socialistas, que defendia algumas reformas progressistas; foi acusado de comunistas e tivemos o famigerado Golpe Militar que nos infelicitou por quase três décadas. Imaginem se Dilma resolver reativar a questão da remessa de lucros de empresas estrangeiras ligadas ao sistema financeiro e ao agro-negócio; o que acontecerá?
A turma da Unicamp e outros piroquetas vão levar o povo às ruas para apóia-la? Por acaso essa turma se mobilizou para defender o nosso Código Florestal? Não, e não! Agora o intelectual da Unicamp, Plínio de Arruda Sampaio Jr., filho de ex-candidato do PSOL, partido anticomunista que prega o socialismo com liberdade, numa clara alusão à existência de um socialismo sem liberdade, vem com um tratado sobre Fatos e Mitos dos Governos Progressitas no Brasil, com inferências aos governos de Lula e Dilma, buscando salvação imediata, milagres, para os problemas brasileiros.

Tudo o que Lula fez e agora Dilva está fazendo; tudo está errado. Por acaso Lula e, agora Dilma, fizeram uma revolução no Brasil? Chegaram ao governo através das armas? Será que esses intelectuais estão se fazendo de bobos, de sonsos ou estão querendo nos enganar, nos confundir? Eles sabem muito bem que o poder está nas mãos dos mesmos de sempre! Eles sabem também que tanto Lula, quanto Dilma agora, dividem o governo com forças heterogêneas, com ampla e esmagadora maioria de direita, inclusive com parlamentares que se dizem de esquerda; a esquerda da direita.
Como pode um governo, sem sustentação política, avançar? Vejam o episódio do chamado mensalão, uma prática usual e corriqueira na sustentabilidade governamental capitalista e no financiamento eleitoral no Brasil. Só agora, com os representantes petistas no cenário político, entre eles ex-resistentes à ditadura, como Dirceu e Genuíno, é que as cassandras do golpe se arvoraram de defensoras do patrimônio público e exigem punições severas. Entretanto não querem e não pedem, acobertados pela mídia mafiosa, punição e agilidade dos processos que estão no STF.
Calam. Pergunto aos intelectuais doentes infantis do esquerdismo, onde está a força de Dilma – e que Lula também não teve – que não impediram essa farsa da CPI do Mensalão?

Vejam o que diz no inicio da sua dissertação o intelectual Plínio Jr.: “A compreensão da realidade brasileira requer o esforço crítico de contrastar a aparência dos fenômenos e a forma como são interpretados pelo senso comum com a sua essência mais profunda, definida pelo sentido das transformações inscritas no movimento histórico. Tal contraste revelará a abismo existente entre o mito de que o Brasil vive um surto de desenvolvimento, liderado por um governo de esquerda que teria criado condições para combinar crescimento, combate às desigualdades sociais e soberania nacional, e a dramática realidade de uma sociedade impotente para enfrentar as forças externas e internas que a submetem aos terríveis efeitos do desenvolvimento desigual e combinado em tempos de crise econômica do sistema capitalista mundial”.
É um texto rebuscado, cheio de floreios, hermético que qualquer operário, até os sindicalizados teriam dificuldades de entende-lo.
Esse primeiro parágrafo se cair no meio dos estivadores, para citar um segmento operário esclarecido, já vai causar dificuldades na sua interpretação.
Mais adiante diz Arruda Junior queTambém a idéia de que o crescimento econômico teria melhorado a desigualdade social encontra certo respaldo nos fatos. Após décadas de absoluto imobilismo, no governo Lula, o índice de Gini, que mede o grau de concentração pessoal de renda, diminuiu um pouco; e a distância entre a renda média dos 10% mais pobres e a dos 10% mais ricos do país foi reduzida, de 53 vezes em 2002, para 39 vezes em 2010. As autoridades vangloriam-se de que, nesse período, mais de 20 milhões de brasileiros teriam deixado a pobreza”.

É uma constatação do intelectual Plínio Júnior; por que o governo não pode se “vangloriar” desse feito? Por acaso FHC e os outros conseguiram essa performance?
Outra constatação do intelectual e acadêmico da UNICAMP “Tais fatos levaram a presidente Dilma a pavonear que o Brasil teria se transformado num país de “classe média”. Além de conseqüência direta da retomada do crescimento, a melhoria nos indicadores sociais é associada: à política de recuperação em 60% no valor real do salário mínimo entre 2003 e 2010 (...); à ampliação da cobertura de previdência social para os trabalhadores rurais – conquista da Constituição de 1988; e à política social do governo federal, notadamente a Bolsa Família – programa de transferência de renda para a população carente que, em 2010 atendia cerca de 13 milhões de famílias.”
Vejam que o preconceito dessa intelectualidade, a arrogância dessa gente é tão grande que atacam a presidenta Dilma de “se pavonear” ao referir-se aos êxitos do governo.
E tem mais “O mito de que o Brasil estaria vivendo um surto de desenvolvimento que abriria a possibilidade de superação da pobreza e da dependência externa simplesmente ignora a fragilidade das bases que sustentam o ciclo expansivo dos últimos anos e seu efeito perverso de reforçar a dupla articulação responsável pelo caráter selvagem do capitalismo brasileiro: o controle do capital internacional sobre a economia nacional e a segregação social como base da sociedade brasileira. Alguns fatos são suficientes para deixar patente a verdadeira natureza do modelo econômico brasileiro. O crescimento da economia brasileira entre 2003 e 2011 não foi nada de excepcional – apenas 3,6% ao ano –, bem abaixo do que seria necessário para absorver o aumento vegetativo da força de trabalho – estimado em cerca de 5% ao ano –, pouco acima do crescimento médio da economia latino-americana.”
O Sherlock Holmes da UNICAMP vai descobrir algo que nos possa tirar do atoleiro através de uma varinha de condão?
Vejam a fantasia do intelectual e acadêmico riquinho que usa as interpretações do “ milagre brasileiro” quando a academia era premiada com “bons” salários para ficar calada, cooptada: “A nova rodada de modernização dos padrões de consumo somente alcançou uma restrita parcela da população e, mesmo assim, na sua maioria, com produtos supérfluos de baixíssima qualidade. Não poderia ser diferente, pois, assim como uma pessoa pobre não dispõe de condições materiais para reproduzir o gasto de uma pessoa rica, a diferença de pelo menos cinco vezes na renda per capita brasileira em relação à renda per capita das economias centrais não permite que o estilo de vida das sociedades afluentes seja generalizado para o conjunto da população”.
É claro, é elementar, se estamos no capitalismo; como generalizar “ o estilo de vida das sociedades afluentes para o conjunto da população”? 
Finalmente o encerramento do texto que reconhece  “ a modesta prosperidade material dos últimos anos, que levou uma parcela da população brasileira a ter acesso aos bens de consumo conspícuo de última geração, é efêmera e nociva.”
            “Efêmera e nociva”, tudo o que se conseguir no arco capitalista em benefício da classe trabalhadora é efêmero e trás no seu bojo a nocividade.
  “A euforia que alimenta a ilusão de um neo-desenvolvimentismo brasileiro é insustentável.”, afirma Plínio Junior como se tivesse redescoberto a roda.
E continua no seu devaneio celestial com um conclusão de efeito ao dizer que “  Ao solapar as bases materiais, sociais, políticas e culturais do Estado nacional, “progressistas” e “conservadores” são responsáveis, cada um à sua maneira, pelo processo de reversão neocolonial que compromete irremediavelmente a capacidade de a sociedade brasileira enfrentar suas mazelas históricas e controlar seu destino, de modo a definir o sentido, o ritmo e a intensidade do desenvolvimento em função das necessidades do povo e das possibilidades de sua economia.”
Não vi propostas de projeto alternativo, só palavreado acadêmico e diagnósticos manjados. Como comunista defendo  um projeto de mudanças cujo sucesso, dentro da atual correlação de forças, passa pela formação de uma ampla frente de esquerda, de forças que não acreditam em milagres e lutem no sentido de avanços progressivos. A insistência em satiranizar e cristianizar Lula e Dilma, como o fazem algumas correntes de esquerda, nos dividem e abrem espaços para o avanço da direita que está sempre alerta e unida contra nós. Ou não estão?
Por isso discordamos das fantasias dos intelectuais de esquerda metafísicos que buscam milagres. Não é de se estranhar visto que pertencem a uma corrente filosófica (?) que defende um “ socialismo com liberdade”. Liberdade para quem?


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