quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

RISCOS DE SECAS


 

Segundo pesquisadores, a aceleração da  mudança  climática e seu impacto na produção  agrícola implica em que se faça profundas mudanças sociais nas próximas décadas para alimentar a crescente população mundial.   De acordo com os cientistas, a produção alimentar deverá duplicar-se nos próximos 35 anos para abastecer a população mundial de 9 bilhões de habitantes em 2050, contra os 7 bilhões na atualidade.

Alimentar o mundo “implicará algumas mudanças em termos de minimizar o fator climático”, disse o estadounidense Jerry Hatfield, diretor do Laboratório Nacional para a Agricultura e o Meio Ambiente. A volatilidade das chuvas, as frequentes secas e o aumento das temperaturas afetam os cultivos de grãos, por isso se deverão adotar medidas, afirmou, durante a reunião anual da Associação Estadounidense para o Avanço da Ciência.

“Se avaliarmos a produção no período de 2000 até 2050, basicamente deveríamos produzir a mesma quantidade de alimentos que produzimos nos últimos 500 anos”, prognosticou. Porém globalmente, os níveis de uso do solo e a produtividade continuarão degradando o solo, advertiu.

“No que diz respeito a projeção para o Meio Oeste (dos Estados Unidos), estamos convencidos de que as temperaturas aumentaram bastante”, afirmou Kenneth Kunkel, climatólogo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica estadounidense, referindo-se à região de cereais do centro do país.

Kunkel estudou o impacto do aquecimento global nol Meio Oeste dos EUA, onde a maior ameaça para a segurança alimentar é a seca. A probabilidade é alta de que essa região registre a pior seca no século XXI das produzidas no último milênio, o que constitui uma ameaça direta para os habitantes da região, alertaram os cientistas na abertura da conferencia, celebrada em San José, na Califórnia.

A mudança climática está acontecendo  tão rapidamente que os seres humanos logo enfrentarão uma situação sem precedentes, disseo Kunkel.

Porém  James Gerber, um especialista agrícola da Universidade de Minnesota, disse que reduzir o desperdício de alimentos e o consumo de carnes vermelhas ajudaria. A redução do número de cabeças de gado diminui o impacto ambiental, incluídas as emissões de gás  metano, um potente gás produtor do efeito estufa.

Gerber disse que os cientistas identificaram “tendências bastante preocupantes” como a diminuição global das reservas de grãos, que dão à sociedade uma importante rede de segurança. O cientista também expressou sua preocupação sobre o fato de que a maioria da produção de grãos está concentrada em zonas vulneráveis a aquecimento climático.  

Paul Ehrlich, presidente do Centro para a Conservação Biológica da Universidade de Stanford, considerou que o problema requer “um real mudança social e cultural em todo o planeta”. “Se tivéssemos 1.000 anos para resolvê-lo estaria muito tranquilo, porém poderíamos ter apenas uns 10 ou 20 anos”, advertiu.

Fonte: http://www.pagina12.com.ar/diario/ciencia/19-266353-2015-02-18.html

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