sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

UMA DAS PRAGAS DO SISTEMA CAPITALISTA


 "A CORRUPÇÃO

Os leitores que nos acompanharam ao longo dessas sete matérias em que, sem subterfúgios, identificamos como violência a fome, o analfabetismo, a prostituição, a luta pela terra, o problema do menor abandonado e a poluição ambiental, sentiram a nossa mensagem e sabem que se não atacarmos as causas dessas violências, a sociedade brasileira caminhará para confrontos violentos. Daí o nosso alerta e a nossa preocupação.

A corrupção une-se às seis violências já citadas e analisadas. Ao longo dos 21 anos de ditadura militar, de hegemonia do grupo civil servil e entreguista, a nação acompanhou impassível e revoltada a violenta e massacrante entrega das nossas reservas minerais: isso é corrupção e ato anti-soberano. Entregaram o nosso ouro, a areia monassídica, o ferro, o caulim e o que é de mais precioso para a nação, o nosso solo, solo esse que foi destruído pela política do “exportar é o que importa”, para satisfazer a sanha corruptora da indústria multinacional das oleaginosas.

Toda a sociedade sabe, pois existem documentos e livros comprovando tais denúncias, das corrupções que campearam e continuam a acontecer no país. Quem leu “Os Mandarins da República”, de José Carlos de Assis, pôde constatar o quanto a impunidade está a solta no país. Assis conta, em pormenores, oito ou dez casos que se confundem com a própria história do Brasil dos anos 70 e 80. A história da Cobec, filha estremecida do Banco do Brasil; a história da Interbrás; as histórias da Coscafé e da Pancafé; o extraordinário caso Tama; os casos da Dow Química e da Vale e, afinal, o escândalo-rei da Capemi são histórias para malandro nenhum botar defeito. Segundo Fernando Pedreira, que apresenta o livro, “são histórias que revelam o grau de paroxismo a que chegamos, sob o guarda-chuva militar do regime, de irresponsabilidade e de incompetência tecnocrática, irmanadas à corrupção e à roubalheira impunes e infrenes. Administradores como Paulo Bornhausen – irmão do ex-ministro da educação, senador e atual presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen – e Carlos Sant’Anna (da Cobec e da Petrobrás), deviam ter sido interditados e internados num manicômio judiciário. Foram promovidos.”

Somos sabedores e conhecedores dos grandes crimes de colarinho branco tipo Coroa-Brastel, Sunaman, Delfim, BNCC, IBC, Sulbrasileiro, Brasilinvest, a quebradeira dos bancos e agora Sudam e Sudene. Perguntamos: os seus protagonistas foram ou estão sendo punidos? Não! São crimes cujas punições a sociedade brasileira está esperando que sejam impostas, desde a Nova República, a bem da moralidade e saneamento público. Volto a insistir que a desculpa de falta de recursos para promover a reforma agrária no país é mentirosa. Cobrem-se as dívidas das corrupções, seqüestrem-se os bens dos responsáveis pelos grandes desvios nos cofres públicos e teremos dinheiro sobrando para fazer a maior reforma agrária que o mundo jamais viu.

Esse é um desafio que fazemos ao Presidente FHC, aos ministros da justiça, da reforma agrária e aos ministros militares para que ajam com todo o rigor e força, força essa que já usaram, e ainda usam, contra brasileiros que lutaram para acabar com os tecnocratas e negocistas que tornaram a nossa pátria a segunda potência devedora do planeta Terra. A direção do tiro foi e continua errada, pois pune-se quem denuncia e promove-se  quem dá calote.

Por isso achamos que a sociedade deve se unir para mudar esse estado de coisas. Temos que lutar contra os abusos e desmandos do poder econômico, que  aberta e descaradamente defende e financia candidaturas que continuam a favorecer e ditar leis na Câmara e no Senado, leis que favorecem as licenciosidades e a impunidade.

A corrupção é tão grande nesse país que se imitássemos as leis praticadas no Irã seríamos reduzidos a um grande continente de manetas; lá eles cortam as mãos dos que se apropriam dos bens alheios.

Estou triste porque os sete artigos que escrevi sobre as violências brasileiras foram publicados no Correio de Noticias de Curitiba nos meses de junho e julho de 1986, portanto há 15 anos, e essa situação permanece praticamente inalterada; mas fico contente e otimista porque a sociedade está reagindo. Mandamos embora o ex-presidente Collor e agora estamos dando um corretivo num dos maiores pilantras da política brasileira: o execrável ACM.”

Publicado originalmente no: Correio de Notícias, Curitiba - 05.07.1986

O artigo acima foi publicado há quase 30 anos. É para refrescar a cuca de alguns hipócritas e falsos moralistas, inclusive a nossa mídia, que na ditadura se locupletaram das roubalheiras e falcatruas. Estavam todos amordaçados; quem denunciasse era enquadrado na Lei de Segurança Nacional.

Não sou PT; votei em Lula e Dilma. Cometeram erros; sim! Mas a mídia mafiosa e os falsos moralistas, se excedem e todos os dias batem na nossa Petrobras porque QUEREM PRIVATIZÁ-LA. Esses canalhas não conseguirão!

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