sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

MIGRAÇÃO CUBANA : MANIPULAÇÃO DOS EUA



Do paradoxo ao anacronismo

 
EM Cuba, as causas da emigração, exceto a primeira onda de emigrantes comprometidos com o regime de Fulgencio Batista e com os interesses do governo dos Estados Unidos, são as mesmas que levam milhões de pessoas no mundo a atravessarem as fronteiras. São associadas aos enormes desafios que enfrenta a humanidade, derivados da polarização da riqueza que aprofundou a fenda entre os países do chamado sul geopolítico e aqueles que concentram os maiores recursos, o acesso privilegiado à informação, ao conhecimento e à tecnologia, como resultado do saque sistemático e acumulado das riquezas naturais e humanas dos países que hoje são os principais emissores da emigração internacional. Estas causas, no mundo globalizado atual, não respeitam fronteiras.
Como na maioria dos países emissores de nossa região, os cubanos emigram por causas econômicas, razões familiares e outras motivações pessoais, associadas a fatores histórico-culturais, ligados à tradição migratória cubana, na raiz mesma da conformação da nossa nação.
A emigração cubana está distribuída por todos os continentes e se insere nas principais tendências migratórias internacionais. A maioria dos cubanos, radicados em mais de 150 países, mantém vínculos normais com suas famílias em Cuba e tem possibilidades de aproximação e respeito a sua pátria.
Aumenta o número de visitas ao país e a duração de sua estada no estrangeiro depende cada vez mais dos níveis de satisfação das expectativas que atingem nas sociedades receptoras e do sucesso duma situação migratória que lhes permita viajar.
A distribuição da emigração internacional cubana esta relacionada com a proximidade geográfica, a proximidade cultural e linguística com os países receptores, a tradição migratória e os sinais que historicamente têm conformado os mais antigos assentamentos de cubanos no mundo. Também está relacionada com as características das relações oficiais, o volume e a natureza da presença cubana no estrangeiro, os contatos e  intercâmbio de viajantes.
Contudo, a política migratória implementada pelos Estados Unidos contra Cuba alterou a composição, fluidez e intensidade da emigração cubana, modificando sua distribuição geográfica, pois as redes criminosas que dirigem o tráfico ilegal de emigrantes têm provocado o trafico de cubanos por terceiros países, que se colocam numa posição estratégica nos caminhos da emigração para os Estados Unidos.
Atualmente, cerca de 85,7% dos cubanos domiciliados no exterior vive nos EUA. Deles, 77% se concentra no sul do país, e mais de dois terços — 68% — vive na Flórida, representando 6,5% da população total do Estado e constituindo o maior grupo de origem hispânica.
Os programas de emigração que os Estados Unidos mantêm lhes permitem selecionar as características dos emigrantes cubanos, segundo seus interesses durante, o processo de concessão de vistos. Desta forma, por exemplo, condicionam e favorecem a concessão de vistos pelo Programa dos Estados Unidos para os Refugiados (United States Refugee Program) àqueles cubanos que mostrem suficientes “méritos” em sua atividade contrarrevolucionária, como elemento para estimular seu trabalho de desestabilização interna.
Da mesma forma, privilegiam a emigração das pessoas mais qualificadas, de maneira que mais de metade do milhão de cubanos que chegou à Flórida, depois de 1990, tem indicadores de instrução superiores a outros grupos hispânicos.
Exemplo disto é o Programa de Profissionais Cubanos da Medicina Sob Palavra (Cuban Medical Professional Parole Program), que foi criado durante a presidência de George W. Bush, em agosto de 2006, para promover a emigração do pessoal médico cubano, a partir de terceiros países e que continua sob o governo de Barack Obama.
Com fins meramente políticos, o programa se propõe desacreditar e obstaculizar a colaboração médica cubana com países amigos e acirrar a afetação que já produz o bloqueio econômico num setor estratégico para o país. Pretende utilizar no seu jogo político profissionais de reconhecida qualidade científica e humanismo, que realizam um trabalho de elevada sensibilidade e valor para a população, aos quais depois de serem atraídos pela propaganda, se lhes obstaculiza continuar sua prática profissional.
Desta forma, o fenômeno, sustentado novamente na Lei de Ajuste Cubano, é um caso clássico de roubo de cérebros, qualificado por seus efeitos como “fluxo fatal” e denunciado por outros países afetados e organismos internacionais, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A concepção do desenvolvimento na Cuba revolucionária esteve fundamentada na integração do econômico e o social, sobre a base da educação e formação do capital humano.
O lugar que ocupa o tema migratório na política de hostilidade dos EUA contra Cuba, seu uso como instrumento para manipular sentimentos e aspirações humanas em função de seus interesses e objetivos, obriga o Estado revolucionário a proteger e encontrar formas para preservar os recursos humanos qualificados, imprescindíveis para o desenvolvimento do país.
Avaliado desta forma, o tema mantém uma significação humana, cultural e de identidade, mas também socioeconômica, política e de defesa para Cuba. •

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